A cerca de sete quilômetros da Cidade do Oeste, uma jovem de cabelos azuis seguia por uma estrada de terra sinuosa, cercada por árvores altas e galhos densos que lançavam sombras sobre o capô reluzente de seu carro. O motor ronronava baixo enquanto ela avançava rumo à floresta.
Bulma segurava o volante com apenas uma mão, enquanto a outra apoiava o queixo. Seus olhos alternavam entre a estrada e o radar que brilhava sobre o painel.
"Que sorte grande..." — disse em voz alta, sorrindo com confiança. "Depois de terminar o Radar do Dragão, descobrir que tem uma esfera tão perto da cidade foi um verdadeiro presente. Se eu continuar com essa bela sorte... talvez consiga encontrar todas em pelo menos um mês!"
Ela pisou um pouco mais fundo no acelerador. A paisagem passava depressa pela janela, mas Bulma mal reparava — sua mente já estava desenhando os planos para quando conhecesse o tal Shenlong.
'Imagino que ele possa realizar qualquer desejo mesmo... será que é pedir demais querer o namorado perfeito?' — pensou, rindo consigo mesma.
No entanto, antes que pudesse mergulhar mais fundo em sua fantasia, um vulto surgiu subitamente no meio da estrada.
— "PARE!!!" — gritou um velho, gesticulando freneticamente com os braços abertos.
Bulma arregalou os olhos e pisou com força no freio. O carro deslizou pela estrada de terra, levantando poeira e pedras até parar a poucos centímetros do homem.
— "Falei cedo demais..." — murmurou, visivelmente irritada.
Ela empurrou a porta com força e saltou do carro, já segurando uma pistola presa ao cinto de sua saia.
— "VOCÊ TÁ LOUCO, VELHO? TÁ QUERENDO MORRER?!" — gritou, apontando a arma para ele, o coração ainda acelerado pela freada brusca.
O velho cambaleou um pouco para trás, levantando as mãos em sinal de paz.
— "Calma, mocinha! Eu não quero te machucar! Eu só... só precisava parar você!"
Bulma manteve os olhos semicerrados, desconfiada. Seu dedo ainda estava no gatilho.
— "E você achou que se jogar no meio da estrada era uma boa ideia, seu lunático?!"
— "Por favor, me escute!" — insistiu o velho. — "Você está indo direto para uma área perigosa! Tem alguma coisa estranha naquela floresta! A grandes buracos nas montanhas, barulhos de explosões que ninguém consegue explicar... e eu vi... Com meus próprios olhos um homem voando!"
Bulma cruzou os braços, ainda mantendo a arma próxima.
— "Um homem voando…Se você está tentando me assustar, não vai conseguir. Eu sou cientista, não caipira supersticiosa."
Ela deu um passo à frente, encarando o velho mais de perto.
— "Além disso, eu tenho um motivo pra estar aqui. Não vou voltar atrás por causa de histórias de um doido."
O velho suspirou, derrotado.
— "Ah não diga que não foi avisada."
Ela girou nos calcanhares e voltou para o carro sem responder.
— 'Área perigosa, hein?' — pensou com desdém. 'Até parece... deve ser algum velho maluco querendo manter as pessoas longe de alguma plantação ilegal.'
Bulma entrou no carro, bateu a porta e ligou o motor de novo. Enquanto o carro retomava velocidade, o velho continuava parado no retrovisor, olhando fixamente na direção da floresta.
O vento começou a soprar mais forte. A vegetação ficava mais densa a cada quilômetro. A estrada de terra dava lugar a um caminho ainda mais irregular, onde raízes grossas surgiam no meio da trilha.
Mas Bulma não hesitou. Seus olhos estavam fixos no radar, cujo ponteiro pulsava em um ritmo cada vez mais rápido.
— "É aqui..." — sussurrou, diminuindo a velocidade. — "não dá para passar o carro aqui..."
Ela estacionou o carro ao lado de uma árvore e saiu, armada e atenta. O som do radar ficava mais agudo a cada passo.
Mas então, um estalo ecoou entre os arbustos à frente. Bulma virou-se rapidamente,com a arma em punho.
— "Quem tá aí?!"
Silêncio.
Ela respirou fundo, avançando com cuidado. Mais alguns passos... outro ruído. Agora mais alto. A folhagem se mexeu.
Foi quando uma sombra surgiu por trás dela. Ela se virou em um reflexo, mas algo ainda mais ameaçador veio de outra direção: um rosnado gutural, profundo e vibrante, cortou o ar como um trovão abafado.
Ela não teve tempo de reagir.
Um dinossauro de pele grossa e olhos selvagens saiu das árvores, abrindo as mandíbulas em um rugido ensurdecedor. O chão tremeu quando ele avançou.
Bulma soltou um grito, tentando se esquivar, mas a criatura era rápida — surpreendentemente rápida. Em um movimento brutal, sua cauda chicoteou as árvores, derrubando galhos e lançando folhas ao ar.
Bulma disparou mata adentro, desviando como podia das árvores enquanto o chão tremia a cada passo da criatura atrás dela. Galhos arranhavam suas pernas, e a arma balançava em sua mão. A respiração vinha em arfadas curtas, mas o medo só aumentava sua velocidade.
— "MAS É CLARO QUE TINHA QUE SER UM DINOSSAURO!!!" — ela gritou, pulando por cima de uma raiz grossa.
O radar, agora preso ao cinto, emitia bipes cada vez mais agudos, como se zombasse da situação. Um rugido ressoou logo atrás, tão perto que ela sentiu o bafo quente da criatura nas costas.
— "ALGUÉM ME AJUDA!!!" — gritou com toda força, a voz rasgando a floresta.
Ela virou bruscamente à direita, quase escorregando na lama, e caiu de joelhos por um segundo. Levantou-se em um pulo, praguejando.
As árvores começaram a se abrir, revelando uma clareira. Era sua chance.
— 'Pensa, Bulma, pensa!' — ela se forçou, olhando ao redor em busca de algo, qualquer coisa, que pudesse usar a seu favor.
Atrás dela, o dinossauro arremessava troncos, esmagava arbustos e urrava com fome. As pernas de Bulma começavam a falhar, mas o instinto de sobrevivência ainda gritava mais alto.
Mas de repente ela tropeçou em uma pedra e caiu com força no chão, arrastando os joelhos na terra úmida. A arma escorregou da mão e voou para longe. Quando ergueu os olhos, o dinossauro já estava ali — enorme, imponente, as narinas fumegando e os olhos fixos nela como se tivesse encontrado o prato principal. Sem forças para correr, ela apenas cerrou os olhos com força, o corpo inteiro tremendo.
— "Droga... não acredito que vou morrer aqui, e pior... sozinha!"
Bulma manteve os olhos fechados, o coração disparado no peito. Ela esperava sentir os dentes da criatura, o bafo quente da morte chegando — mas, em vez disso, o que veio foi um baque surdo, como algo enorme colapsando no chão.
Hesitante, ela abriu um dos olhos, depois o outro… e congelou.
Bem diante dela, o corpo do dinossauro estava caído, imóvel, e sua cabeça jazia a alguns metros de distância, separada com um corte tão limpo que parecia impossível. O sangue nem havia espirrado.
À frente da carcaça, um jovem de cabelos brancos permanecia de costas para ela. A camisa preta grudava levemente em seu corpo pelas aguas do rio, realçando cada contorno dos músculos definidos. Ele girou lentamente, revelando um rosto sereno, olhos intensos e um leve sorriso nos lábios.
Bulma ficou sem palavras. A adrenalina ainda pulsava, mas agora era misturada com outra coisa… algo que a fez corar.
— "Mas o que... quem é esse deus grego no meio desse fim de mundo?!"