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Chapter 33 - O Pergaminho Partido

O selo de obsidiana pulsava como um coração enraivecido em sua palma.

James sentiu o calor percorrendo seus dedos, subindo pelo braço, até ecoar em seu peito — onde o Coração de Myrkanis respondeu com batidas descompassadas. O pergaminho não era apenas um objeto… era uma chave. E a fechadura estava dentro dele.

Sozinho na câmara submersa, com a água imóvel como vidro negro, James levantou o documento. A fita que o mantinha lacrada se desfez ao toque, e o mundo pareceu prender a respiração.

O pergaminho se abriu por vontade própria.

Palavras escritas em uma língua esquecida passaram a flutuar do papiro, dançando ao redor de James como brasas ao vento. Seus olhos doíam. A mente gritava para olhar para outro lado. Mas algo o forçava a continuar.

As palavras começaram a se traduzir. Lentamente. Como se a própria magia decidisse que ele estava pronto.

"Ao portador do último traço do Coração, saiba: o que você carrega não é uma dádiva… é um fardo selado por milênios. Myrkanis não era um rei. Era uma âncora. Um limite. Uma prisão viva."

As letras queimavam em sua pele, mesmo sem encostar. James cambaleou, apoiando-se na parede fria.

"Quando o Trono tremeu, não foi apenas por guerra… foi por medo. Medo do retorno. Medo de que o equilíbrio ruísse. O Círculo Proibido não quis domínio — quis contenção. O Coração é uma chave… mas também uma porta."

Uma dor lancinante atravessou a mente de James. Por um momento, não estava mais ali. Estava flutuando acima de uma torre de vidro em um deserto de ossos , onde uma figura encapuzada cantava para uma lua negra.

Ele voltou à câmara com um grito.

O pergaminho caiu no chão, em chamas azuis que não queimaram o papel — mas consumiram o que havia ao redor: o tempo, o silêncio, a razão.

E então veio a última frase:

"Quando o Coração sangrar, três nomes se levantarão. Um será traidor. Um será sacrifício. E um será juiz. Se és o Herdeiro… quais deles serão?"

Uma luz sumiu.

O pergaminho estava intacto. Frio. Mudo. Mas James já não era o mesmo.

Passos ecoaram atrás dele.

Era Kaelya , envolta em seu manto azul e prata, uma respiração contida como se tivesse corrido até ali.

— "Você não deveria estar aqui", ela sussurrou. Mas ao olhar para o rosto de James, algo em seus olhos mudou. Medo… e compaixão.

— "Você leu?"

James assentiu lentamente.

— "Eles mentiram, Kaelya. O Círculo… a Coroa… todos."

Ela hesitou.

— "Nem todos mentem, James. Mas a verdade… pode destruir mais do que a mentira."

James extrai os olhos, ofegante. Pela primeira vez, não era apenas um aprendiz. Era um catalisador. E o mundo começou a girar em torno dele.

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