O sorriso de Michelle agora era mais frequente, mas o passado ainda ecoava em seus sonhos. Em noites silenciosas, ela acordava sobressaltada, com a imagem da mãe se afastando na rua, deixando-a sozinha, com apenas uma sacola nas mãos e lágrimas nos olhos.
Enzo percebeu que, apesar da transformação externa, algo dentro dela ainda sangrava.
— Por que você nunca fala da sua mãe? — ele perguntou certa manhã, durante o café da manhã.
Michelle abaixou os olhos. A pergunta veio como um sussurro indesejado.
— Porque ela me apagou do mundo — disse. — Me deixou como se eu fosse lixo. Eu não entendo o porquê.
— E você quer entender?
Ela hesitou. Parte dela queria enterrá-la para sempre. Mas outra parte queria respostas.
— Quero... mas tenho medo.
Enzo se aproximou.
— Se você quiser, eu te ajudo a procurar.
Michelle o olhou com os olhos marejados. Ninguém nunca quis ajudá-la com isso. Nunca.
— Obrigada, Enzo. Não sei o que seria de mim sem você.
Naquele momento, algo mudou entre eles. O vínculo de gratidão começou a se misturar com algo mais profundo, mais delicado.
Enquanto isso, em outro ponto da cidade, uma mulher olhava para uma foto antiga dentro de uma caixa de memórias. Seus olhos também estavam marejados.
— Michelle...
O destino,mais uma vez, começava a tramar um reencontro