Um portal se abriu no vazio do espaço. Do outro lado, Kay surgiu, caminhando calmamente como se um chão invisível sustentasse seus passos. Ele parecia flutuar no vácuo, mas cada passo seu era firme, carregado de propósito.
À sua frente, o caos reinava. Explosões massivas de energia sacudiam o universo. Cada troca de golpes entre o deus primordial e o deus dos ghouls rasgava o tecido do espaço-tempo, enviando ondas de destruição e luz que podiam ser sentidas a galáxias de distância.
O deus primordial era uma figura imensa e majestosa, com múltiplos braços que pareciam segurar fragmentos do cosmos. Sua presença emanava uma força incompreensível, quase esmagadora. Do outro lado, o deus dos ghouls, grotesco e imponente, parecia uma fusão de terror e poder. Sua aura era negra como um abismo, absorvendo parte da energia ao seu redor, enquanto seus ataques rasgavam o espaço com garras afiadas como lâminas cósmicas.
Kay parou, cruzando os braços, e ficou assistindo. Uma pequena e intrigante expressão de diversão surgia em seu rosto.
O deus primordial notou sua presença primeiro. Seus olhos, brilhando como estrelas, se voltaram para Kay.
O deus dos ghouls também desviou o olhar para Kay, uma expressão de confusão e curiosidade atravessando seu rosto monstruoso.
Kay abriu um sorriso leve, quase provocador, enquanto apontava casualmente para o deus dos ghouls.
— Não se preocupe comigo. — disse Kay, a voz carregada de um tom despreocupado, mas firme. "Eu só estou aqui para devora-lo. Se ele vencer, eu luto com ele. Se ele perder... bem, eu apenas vou embora."
Os dois deuses ficaram em silêncio por um momento, antes de se entreolharem. Não havia como ignorar a presença de Kay, mas eles sabiam que sua batalha era prioritária.
O Confronto
Os deuses continuavam trocando golpes colossais, cada impacto ecoando como um trovão pelo tecido do universo. Kay, enquanto isso, abriu um pequeno portal ao seu lado. Com total tranquilidade, puxou um saco de salgadinhos e uma garrafa de bebida, inclinando-se como se estivesse em um piquenique casual.
O som da batalha era ensurdecedor, mas Kay comia e bebia calmamente, quase entediado. Mesmo no calor da luta, os dois deuses começaram a notar a atitude descontraída dele.
Entre ataques devastadores, os olhos do deus dos ghouls cruzaram com os do deus primordial. Havia uma concordância silenciosa e mútua entre eles. Eles pararam de lutar.
O deus dos ghouls flutuou a frente, sua aura negra pulsando intensamente.
— Você... você é um dos meus, não é? Se quer meu posto, eu irei te enfrentar! — ele rugiu, sua voz profunda preenchendo o vazio do universo.
Kay terminou de mastigar um salgadinho antes de responder, o tom calmo.
— Você parece cansado... tem certeza de que quer me enfrentar agora? Vocês dois já estão lutando há milênios. Não prefere uma pausa antes? — exclamou Kay, gesticulando com a bebida em mãos.
O deus dos ghouls rosnou, sua determinação inabalável.
— Desnecessário. Venha logo!
Kay suspirou, colocando a bebida e os salgadinhos flutuando no ar ao seu lado.
— Já que insiste... — ele disse, esticando os braços como se estivesse se aquecendo.
Ele deu um passo à frente, e os alimentos que flutuavam ao redor ficaram suspensos como se presos no tempo.
— Quando quiser! — rugiu o deus dos ghouls, assumindo uma formação de combate.
— Estou indo! — respondeu Kay, com um tom despreocupado.
Então, Kay desapareceu.
— Onde ele...? — pensou o deus dos ghouls, seus olhos buscando freneticamente pelo vazio ao redor.
Antes que ele pudesse reagir, Kay apareceu ao seu lado, rápido demais para ser percebido. Seu braço brilhava com uma luz intensa, carregado com uma energia incomensurável. Com um único movimento fluido, Kay desferiu um soco direto.
O impacto foi catastrófico.
Toda a luz no universo desapareceu.
No vazio absoluto, a voz de Kay ecoou, levemente despreocupada:
— Ih, rapaz... acho que exagerei!
A escuridão começou a se dissipar, com uma magia de luz criada pelo Kay, iluminando o espaço ao redor. Não havia destroços, planetas, estrelas ou galáxias. Tudo tinha sido varrido pela força do golpe. O universo, literalmente, não existia mais.
O deus primordial flutuava no vazio, atônito. Seu olhar se fixou nos restos do deus dos ghouls, cujo corpo agora estava em pedaços, espalhados pelo nada.
Kay olhou ao redor, coçando a cabeça.
— Ainda bem que não tinha vida nesse universo. Bom, como mencionei, eu só vou pegar o corpo dele e vou embora. Boa sorte aí reconstruindo tudo isso! — disse Kay, dando um leve aceno ao deus primordial.
O deus primordial finalmente encontrou sua voz, carregada de choque e indignação.
— O que foi que você fez?
Kay apontou para o corpo destruído do deus dos ghouls, com um sorriso satisfeito.
— É simples. Eu usei a habilidade de um dos meus generais. Basicamente, ele acumula energia conforme se movimenta. Mas e se eu pulasse todo esse processo e já acumulasse toda essa energia logo no primeiro movimento? Foi isso que eu fiz. E, olha só, deu certo! — explicou Kay, casualmente.
A expressão do deus primordial mudou para algo mais calculista. Ele começou a reunir uma enorme quantidade de energia, preparando um ataque.
— Em resumo... agora você está sem energia! — rugiu o deus primordial, disparando um feixe de luz roxa. O ataque era incomparavelmente rápido, uma rajada de energia que ultrapassava as dimensões do tempo e espaço.
Kay apenas deu um passo para o lado, desviando com uma facilidade desconcertante.
O deus primordial parou, incrédulo.
— Impossível! — ele gritou, sua voz carregada de horror. "Esse golpe ultrapassa o tempo! É o mais rápido de todos os universos! Você... você é um monstro!"
Kay ergueu as sobrancelhas, um sorriso de escárnio cruzando seu rosto, claramente se divertindo com a situação.
— Um monstro? Não. Você só entendeu errado! — disse ele, a voz carregada de confiança e ironia. — Eu disse que acumulei muita energia, não toda. — Ele inclinou a cabeça, seu olhar fixo no deus primordial. — Já que me atacou, posso supor que não pretende me deixar ir, não é isso?
O deus primordial, com os olhos arregalados e cheios de fúria, tentou articular uma resposta.
— Seu mons... — começou ele, mas foi interrompido quando um feixe de luz cortante atravessou o espaço entre os dois. Antes que pudesse reagir, sua cabeça foi separada do corpo por uma magia precisa de Kay.
O silêncio que se seguiu parecia pesar sobre o vazio do universo destruído, mas Kay estava impassível. Ele avançou tranquilamente até o corpo do deus dos ghouls caído próximo e, sem cerimônia, arrancou um dos dedos do cadáver. Sem hesitar, colocou o pedaço em sua boca e mastigou.
"Tem muita energia!" — pensou Kay, satisfeito com o sabor e a força que sentia fluir para dentro de si.
Ele então virou-se para o corpo do deus primordial. Seus passos ecoavam na escuridão iluminada apenas pela luz mágica que Kay conjurava para clarear o nada. Sem pressa, arrancou também um dos dedos do deus primordial e o devorou.
"Você tinha o dobro da energia dele... Então por que não acabou com a luta de uma vez? Estava brincando?" — Kay refletia, intrigado, enquanto limpava a boca com as costas da mão. A confusão em sua mente era evidente, mas logo deu lugar a uma determinação fria.
Erguendo a mão, Kay abriu uma série de portais que surgiram como rasgos luminosos no tecido do vazio. De dentro deles, dezenas de generais ghouls surgiram, cada um mais imponente que o outro, provenientes de diferentes universos. Assim que pisaram no chão inexistente, todos se curvaram profundamente diante de seu monarca.
— Isso deve ser suficiente para satisfazer vocês. — Kay falou, a voz cortante como aço. — Levem o que não conseguirem comer e entreguem para os ghouls abaixo de vocês. Mandem que façam o mesmo até que cada pedaço tenha sido devorado.
— Certo! — responderam os generais em uníssono, suas vozes ecoando como trovões.
Maria, que observava de longe, não conseguia esconder a surpresa em seus olhos. "Ele nem parece cansado... Foi tão fácil assim?"
Ravena percebeu sua expressão e, com um sorriso triunfante, respondeu:
— Nós te avisamos.
Kay aproximou-se calmamente de suas companheiras, a postura dele era de alguém que dominava tudo ao seu redor.
— Vocês só comem a parte de vocês e depois voltem para casa. Eu estou indo na frente. — Sua voz carregava uma autoridade inquestionável.
Yumi, ainda tentando processar o que acabara de acontecer, exclamou:
— Outra evolução?
Kay virou-se para ela com um leve sorriso, enquanto sua aura parecia crescer ainda mais ao seu redor.
— É a energia de dois deuses.
O mini-ghoul, incapaz de conter a empolgação, gritou:
— Esse é o monarca!
Kay deu uma última ordem aos generais antes de partir.
— Vão lá comer, mas peguem leve. Vão ficar cheios bem rápido.
— Estamos indo! — respondeu Ravena, com um brilho predatório nos olhos.
Sem olhar para trás, Kay atravessou o portal, e a energia que irradiava dele parecia fazer o ar tremer.
(Pois é, e assim terminamos mais uma história! Espero que tenham gostado. Não se esqueçam de me seguir no Instagram @yurisantos_nk. Obrigado por acompanharem e já vão se preparando para a próxima história que estou pensando em escrever: Deuses Entre Nós: Tinha Que Ser na Escola?)
