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Chapter 8 - Capítulo 8

A noite no início da primavera ainda era fria. As pessoas se reuniam sob o sol durante o dia, mas agora, no acampamento de Sun Jian, havia poucas luzes acesas.

Hu Zhen estava montado em seu cavalo, esforçando-se para enxergar com clareza. Mas, à luz fraca das lanternas, conseguia ver apenas o brilho tênue refletido pelas armaduras.

— General? — Hua Xiong aproximou-se a cavalo, curvou-se e disse: — Parece que Sun Jian não está preparado.

Hu Zhen assentiu. Refletiu por um momento — eles vinham de Yiqueguan, e por mais habilidosos que fossem os batedores de Sun Jian, seria impossível prever o que estava acontecendo por trás da passagem, certo?

Ergueu os olhos para o céu. Havia um leve brilho no horizonte. Se não agirmos agora, perderemos essa oportunidade única.

— Você e eu lideraremos cada um um grupo de soldados e atacaremos pelos portões laterais. Se encontrar Sun Jian, não hesite — decepe-lhe a cabeça!

Antes de partir para a expedição, Hu Zhen havia se gabado de que decapitaria o oficial de Qingshou. E no campo de batalha atual, apenas Sun Jian estava à sua altura. Ele queria especialmente matar Sun Jian para, em seguida, ir até Xiangguo e acusar Lu Bu de desrespeitar ordens militares — aliviando, assim, sua raiva.

— Sim, senhor! — respondeu Hua Xiong. Os dois se separaram, cada qual levando sua tropa para contornar os portões. Hua Xiong chegou primeiro, matou os soldados da guarda e abriu os portões com facilidade. A falta de vigilância no acampamento surpreendeu Hua Xiong, que imediatamente teve um mau pressentimento. Sem hesitar, conduziu seus homens em ataque direto às tendas do acampamento.

— General! Estão todas vazias! — gritou um soldado, correndo em sua direção.

— Isso não é bom... — O rosto de Hua Xiong ficou pálido. Quis recuar, mas então ouviu os tambores e gongs soando atrás de si. Em seguida, flechas incendiárias começaram a chover dos céus. A retaguarda estava claramente bloqueada — a emboscada havia se concretizado.

— Soldados, mantenham a calma! Sigam-me! Vamos romper pela frente e nos juntar ao General! — bradou Hua Xiong.

Enquanto isso, Hu Zhen havia avançado na direção oposta. Diferente de Hua Xiong, não reagiu tão rapidamente. Ao ouvir os gritos vindos da retaguarda, seu primeiro impulso foi dar meia-volta e sair do acampamento.

Mas as tropas de trás haviam sido atacadas de surpresa e estavam em completo caos. Ao tentarem recuar, já era tarde — o exército inteiro estava em desordem, e não havia como reorganizar a linha de frente.

— Ladrões de Xiliang! Rendam-se agora! — gritou um dos generais da família Sun. Ao avistar Hu Zhen, cuja armadura reluzia no escuro, investiu com sua arma.

Hu Zhen, vendo o ataque, brandiu sua lâmina para bloquear. Embora não fosse um gênio militar, nas artes marciais ele era hábil. Crescera em Xiliang, uma terra onde Qiang e Han convivem e vivem em guerra. A maioria dali não estudava estratégia, mas era naturalmente brava e feroz.

Seu oponente era Zu Mao, um dos quatro generais sob comando de Sun Jian. Mesmo assim, Hu Zhen conseguiu se igualar no duelo.

Os dois batalhavam ferozmente, mas o exército de Xiliang já havia entrado em colapso. Soldados fugiam aos montes. Hu Zhen viu aquilo e entrou em pânico. Tentou fugir pela segunda vez, mas foi bloqueado por Zu Mao.

— Hua Xiong! Salve-me! — gritou, desesperado.

— Haha! Seu general já deve ter sido degolado! Como ele vai te salvar agora!? — Zu Mao zombou, e ao ver Hu Zhen distraído, cravou sua lâmina no peito dele, abrindo um ferimento profundo. O sangue jorrou, e Hu Zhen, gritando de dor, virou seu cavalo e tentou forçar uma fuga. Mas Zu Mao não o deixaria escapar facilmente.

— Não tema, General! Hua Xiong chegou! — gritou uma voz no campo de batalha.

No momento de maior aperto, Hua Xiong, que vinha abrindo caminho na direção oposta, ouviu os gritos de socorro. Avançou como uma tempestade sobre os inimigos ao redor de Hu Zhen. Han Dang, que estava o cercando, foi pego de surpresa.

Como um deus da guerra, Hua Xiong irrompeu pelas chamas. Zu Mao, que perseguia Hu Zhen, olhou para cima e viu apenas o brilho da lâmina de Hua Xiong. Antes que pudesse reagir, foi decapitado.

— Ótimo! — gritaram os generais de Sun Jian, que antes zombavam de Hu Zhen. Agora, tomados pela fúria, viram Zu Mao cair num piscar de olhos. Sun Jian, enfurecido, ergueu sua lâmina, pronto para atacar Hua Xiong.

Mas Hua Xiong não hesitou. Após romper o cerco e salvar Hu Zhen, recuou rapidamente com ele:

— General, o inimigo nos emboscou! Temos que romper o cerco agora!

— Foi Lu Bu! Ele não queria que eu ganhasse méritos e foi correndo avisar Sun Jian! — Hu Zhen rosnou de ódio enquanto fugia.

— Pode não ter sido tão simples...

A imagem de Zhao Cen surgiu na mente de Hua Xiong. Ele provavelmente conhecia melhor do que ninguém o plano deles. Lu Bu havia ido dormir cedo — talvez nem tivesse decidido se sairia da cidade à noite. Comparando os dois, Zhao Cen era mais suspeito.

Mas isso ficaria para depois. O mais importante agora era sobreviver.

Sun Jian, por sua vez, estava furioso. Perdera seu general preferido e agora os dois inimigos estavam fugindo. Perseguia-os com tudo que tinha. Percebendo que seriam alcançados, Hua Xiong disse:

— Dadu (grande comandante), siga em frente! Hua Xiong ficará na retaguarda!

Hu Zhen nem pensou duas vezes. Com um olhar emocionado — e falso — assentiu, virou seu cavalo e partiu o mais rápido que pôde.

Hua Xiong, com alguns sobreviventes de Xiliang, parou em um desfiladeiro estreito. Virou seu cavalo, ergueu a espada e bradou com raiva:

— Hua Xiong, de Xiliang, está aqui! Quem ousa me enfrentar!?

Sua voz profunda ecoou pelas montanhas como trovão. O exército de Jiangdong, que os perseguia, hesitou e parou.

— Meu senhor, deixe comigo! — Huang Gai adiantou-se com uma lâmina em punho. Ele era o mais próximo de Zu Mao, e vê-lo ser morto diante de seus olhos o encheu de ódio. Só queria vingar seu irmão de armas.

— Espere! — Sun Jian segurou Huang Gai e disse com frieza: — Isto é uma guerra, não um duelo. Onde estão os arqueiros? Matem esses bárbaros de Xiliang!

Não queria perder mais um general como Zu Mao.

O dia já havia clareado. Os arqueiros se posicionaram rapidamente, tensionaram seus arcos e, após um breve silêncio, lançaram uma chuva de flechas sobre Hua Xiong e seus homens. Os soldados de Xiliang caíram um a um. Até o cavalo de Hua Xiong foi atingido. Ele teve de desmontar e se abrigar atrás de uma parede rochosa. Viu os corpos de seus companheiros no chão. Com um sorriso amargo, pensou:

— Parece que hoje é meu fim...

Mas então, uma voz arrogante ecoou pelo vale:

— Tigre de Jiangdong, é assim que luta? Apenas com números, contra poucos!?

Hua Xiong, que já se entregava à morte, sentiu uma centelha de esperança reacender no coração...

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