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Chapter 6 - Dança com Espinhos

O tempo na Noitosfera havia se tornado algo abstrato para Rob e Blade.

Dias, semanas, meses... um ano e três meses já tinham se passado desde que entraram naquele labirinto infernal, e tudo o que restava era a determinação cravada como ferro em seus ossos.

Cada passo era um desafio, cada suspiro, uma conquista.

O ambiente ao redor deles mudava sem aviso: florestas fantasmagóricas que sussurravam insultos, pântanos que tentavam engoli-los vivos, torres de pedra que derretiam sob seus pés. A Noitosfera não era feita para ser vencida. Era feita para quebrar.

E, no entanto, ali estavam eles.

Após mais um dia exaustivo de treino e sobrevivência, Rob se jogou pesadamente sobre um tronco caído, respirando fundo o ar quente e pesado. Suas mãos estavam calejadas, seu corpo coberto por pequenos cortes e hematomas.

Como sempre fazia, abriu o seu Sistema, buscando consolo no progresso.

[Sistema Ativo]

Força: 122

Agilidade: 89

Resistência: 110

Inteligência: 230

Magia: 310

[Habilidades]

SS | Haki do Armamento – Intermediário

SS | Haki da Observação – Intermediário

SSS | Haki do Rei – Inativo

+A | Grande Devastação de Fogo – Mestre [+]

-C | Barragem de Terra – Mestre [+]

EX | Liberação de Lava – Iniciante [+]

Rob permitiu-se um pequeno sorriso. Mesmo naquele inferno, tinha crescido.

Se fortalecido.

Sobrevivido.

Fechou a janela com um estalar dos dedos e se levantou, seus músculos protestando em dor. O vento morno da caverna arrastava consigo partículas brilhantes, como cinzas de estrelas mortas.

A caverna era vasta, uma antiga ruína enterrada no âmago da Noitosfera. Colunas retorcidas sustentavam o teto, onde morcegos espectrais pendiam como frutos podres. Rob percorreu o corredor principal até encontrar Blade, que estava terminando de ajustar suas manoplas de aço negro, agora brilhando com novas inscrições rúnicas.

Ao fundo, Noctheron roncava com a força de um trovão preso em uma garrafa.

— Vamos lá, já está mais do que na hora de irmos. — disse Rob, cruzando os braços.

Blade olhou para ele com uma expressão entediada.

— Você não sabe o trabalho que é acordar esse gordo escamoso. — resmungou, erguendo uma das manoplas. — A última vez que tentei, ele quase me tostou com um espirro de fogo.

Rob soltou uma risada curta.

— Tenta bater na cabeça dele de novo. Quem sabe você aprenda a voar.

Blade bufou, mas se aproximou de Noctheron com cuidado.

A cada passo que dava, o chão tremia suavemente sob o peso do dragão adormecido.

Antes que Blade pudesse tocar a testa do monstro, o chão vibrou violentamente.

WHAM!

As pedras no teto da caverna se soltaram em pequenas cascatas.

Noctheron abriu lentamente um dos seus olhos dourados e preguiçosos, fitando-os como quem olha para duas formigas insolentes.

— Finalmente! — exclamou Rob, batendo palmas lentamente. — Temos um labirinto para vencer.

Noctheron bufou, soltando uma baforada de fumaça quente que passou a centímetros de Blade, que tossiu e praguejou baixinho.

O dragão então se ergueu, cada movimento seu ecoando como trovões subterrâneos. Suas asas enormes se abriram e tocaram as paredes da caverna, lançando uma rajada de vento quente que bagunçou os cabelos de Rob.

O trio estava pronto.

Depois de tanto tempo, a verdadeira Dança com Espinhos estava prestes a começar.

[Flashback: O Nascimento da Aliança]

O chão havia sumido sob seus pés.

A queda parecia interminável — uma sequência de gritos, vento cortante e uma sensação de pânico gelado na espinha.

Quando finalmente tocaram o chão, Rob foi o primeiro a se levantar, mancando. O ambiente que os cercava era um pesadelo vivo: rios de lava serpenteavam como serpentes flamejantes, iluminando as paredes negras da câmara subterrânea.

E, no centro, ele.

Noctheron.

Uma lenda da Noitosfera. Um deus adormecido, preso por correntes de tempo e magia.

Blade engoliu em seco.

— Rob... isso é um dragão.

Rob ergueu uma sobrancelha.

— Sério? Achei que fosse uma iguana com problema respiratório.

O dragão abriu seu olho dourado, uma fenda cintilante de pura raiva.

O chão explodiu, e a batalha começou.

O combate foi brutal.

Noctheron rugia com a fúria de um furacão, batendo as asas com tal força que gerava rajadas capazes de despedaçar as pedras. Labaredas de fogo azul rasgavam o ar, forçando Rob e Blade a recuar, esquivando-se em movimentos desesperados.

Rob conjurava barreiras e espadas de fogo, tentando conter o ímpeto do dragão, mas era como tentar domar uma tempestade com as mãos nuas.

Blade se lançava nas ofensivas, suas manoplas chocando-se contra as escamas negras de Noctheron, gerando faíscas que dançavam como vaga-lumes amaldiçoados.

O calor era insuportável.

O ar vibrava, denso, como se o próprio espaço estivesse derretendo.

— Plano?! — berrou Blade, desviando de uma cauda que derrubou uma coluna.

— Improvisar! — retrucou Rob, girando no ar e lançando uma rajada de lava pura.

Foi no auge da luta, quando a exaustão ameaçava quebrar seus corpos, que Rob sentiu algo despertar dentro de si.

Uma força bruta, indomável.

A lava respondeu ao seu chamado.

O chão rachou em centenas de fissuras flamejantes que subiram e envolveram Noctheron como correntes incandescentes.

O dragão rugiu de dor, debatendo-se, mas não conseguiu se libertar.

Quando finalmente se curvou, exausto e vencido, a ligação foi selada.

Uma aliança de respeito, nascida no inferno.

[Fim do Flashback]

Rob piscou, afastando as lembranças.

Blade estalava os ombros, já se preparando para a jornada.

— Ainda lembro da sua cara quando Noctheron quase arrancou sua cabeça com uma rabada. — comentou Rob, provocando.

— Ah, vá pro inferno. — retrucou Blade, embora um sorriso tivesse surgido em seu rosto.

Noctheron bufou novamente, como se estivesse cansado da conversa, e começou a caminhar para fora da caverna. Cada passo fazia o chão tremer, cada movimento espalhava pequenas fagulhas de magia residual.

A saída da caverna se abria diante deles: um arco de pedra negra, envolto em cipós mortos e runas brilhantes. Para além dele, o labirinto esperava — um mar de corredores retorcidos, campos de batalha esquecidos e monstros famintos.

Rob respirou fundo.

— É agora ou nunca. — disse ele, com a voz firme.

Blade apertou as manoplas uma contra a outra, fazendo-as chiar.

— Estou pronto pra quebrar algumas caras.

Noctheron inclinou a cabeça, como que assentindo.

Juntos, eles avançaram.

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