Capítulo 2 – As Cores do Retorno
As flores dançavam no vento como se celebrassem o reencontro. Yue e Jun estavam sentados sobre o pano escarlate que ela sempre levava — o mesmo usado em seus dias de glória, quando comandava exércitos. Agora, era apenas o altar de um amor ressuscitado.
— Você lembra de tudo? — ela perguntou, com a voz baixa, quase temendo a resposta.
Jun olhou para o vinho dourado em seu copo, como se o passado estivesse ali, afundado no fundo.
— Nem tudo. Mas eu me lembro de você. Do seu olhar quando tirei o elmo pela última vez. Da sua raiva. Da sua dor. Do seu silêncio depois. — Ele sorriu, suave. — E do gosto do vinho, naquela noite antes da última batalha.
O coração de Yue apertou. Ela nunca contou a ninguém o que aconteceu entre os dois naquela noite. Era uma memória só deles — até agora.
— Então o selo... foi quebrado?
Jun assentiu. — O Dragão Celestial não tem mais poder sobre mim. O que me prende agora é mais simples… — Ele tocou de leve o braço dela. — ...e muito mais forte.
O céu parecia clarear acima dos dois. O lago refletia o brilho do sol tímido que se abria entre as nuvens.
Mas nem tudo havia mudado.
Das sombras entre as árvores, olhos os observavam.
Um homem de cabelos brancos e capa prateada caminhava lentamente em direção ao lago. Seu rosto era coberto por uma máscara de jade, e sua presença fazia até as flores tremerem.
Yue se ergueu num salto, agarrando a lança. Instinto.
— Quem é você? — sua voz voltou a ser a de uma general. Firme. Fria. Implacável.
O estranho não respondeu de imediato. Quando o fez, sua voz ecoou como o som de sinos distantes:
— Acordar um espírito selado vem com preço, General Yue. O tempo não devolve sem cobrar.
Jun se colocou entre ela e o estranho, mas sua mão tremia.
— O Conselho Celestial não concordaria com isso…
— O Conselho foi silenciado. — respondeu o homem. — E a profecia mudou com seu retorno, Jun. Você não apenas quebrou o selo… você desequilibrou os fios do destino.
O vento agora não era mais suave. As águas do lago escureciam.
Yue olhou para Jun. — Diga que isso não é um novo sacrifício. Diga que não terei que perdê-lo de novo.
Jun apertou a mão d
ela.
— Dessa vez, lutaremos juntos.
Continua .......