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Chapter 2 - Capitulo 2

Após determinar para onde todos iriam, Azadrax se dirigiu até uma residência afastada na mina.

A casa não parecia muito diferente dos alojamentos de luxo que ele disponibilizava, a princípio.

Por fora, a casa parecia ser feita de tijolos e madeira de alta qualidade, mas, ao entrar nela, a realidade se mostrava diferente.

Na casa, o espaço parecia ampliado diversas vezes, fazendo com que a pequena casa tivesse o espaço de uma mansão.

Lá dentro, havia guardas armados com armaduras negras finamente trabalhadas, armados com lanças e espadas na cintura.

Azadrax logo foi em direção a um local: uma seção da casa guardada por dois guardas com armaduras douradas e lanças negras.

Passando pelos guardas, com uma expressão apreensiva, Azadrax bateu na porta e esperou uma resposta.

— Entre — uma voz calma e autoritária soou de dentro do quarto.

Azadrax entrou nervosamente no quarto. Lá estava um homem de aproximadamente 27 anos, com cabelos loiros e olhos azuis. O homem tinha um porte real e gracioso, enquanto analisava alguns papéis na mesa e tomava um gole de bebida.

Com 1,87m de altura, usava roupas azuis e roxas feitas de seda fina.

— Como vai o progresso da busca, Senhor Azadrax? — o homem perguntou calmamente, tirando os olhos dos papéis e finalmente olhando para ele.

Azadrax se ajoelhou em resposta ao olhar do homem e, com uma voz nervosa, respondeu:

— Sétimo príncipe, recebemos o último lote de escravos hoje. Nós já percorremos mais de 3% da cordilheira só neste último mês.

— Bom — ele disse, se encostando na cadeira em uma posição mais tranquila.

— Sétimo príncipe, se me permite a ousadia, o que estamos fazendo aqui? — Azadrax perguntou.

O sétimo príncipe o olhou em silêncio por um momento.

— Estamos nos preparando para uma guerra — falou calmamente.

— Guerra? — Azadrax perguntou, confuso. Simplesmente não havia nenhuma guerra em andamento, nem mesmo uma possibilidade entre as províncias existentes.

— A guerra que vou criar — concluiu o sétimo príncipe.

Noctis se dirigiu até o galpão onde podia encontrar as ferramentas. Ele ainda estava um pouco abalado com tudo que havia acontecido até agora: seu renascimento, seu novo corpo, seus poderes… mas havia algo especial que corroía sua mente.

— Em que tipo de mundo eu reencarnei? — ele pensou.

Ele havia visto e lido muitos romances sobre reencarnação, então queria saber se era um mundo de magia e espadas, com magias para aprender e resolver conspirações e mistérios ao lado de uma bela princesa, ou se era um famoso mundo de cultivo, onde ele poderia dar tapas na cara de jovens mestres arrogantes.

— Espero sinceramente que seja a última opção — rezou enquanto entrava no galpão.

O local estava vazio, mal iluminado por algumas lamparinas que lançavam um brilho alaranjado ao ambiente.

Dispostos ordenadamente, havia picaretas penduradas nas paredes e, embaixo, estantes com baldes, peneiras, uniformes gastos e sacos de dormir.

Ele foi até o número 21, onde se encontrava seu equipamento. Por curiosidade, resolveu usar seus olhos do Karma — um nome que deu à habilidade — para tentar checar o equipamento.

Seus itens eram uma mistura de amarelo e verde, mostrando que não seriam muito úteis no momento.

Ele olhou ao redor na tentativa de encontrar algo melhor, mas, para sua decepção, os equipamentos eram mais ou menos iguais entre si.

— Que pena — lamentou, enquanto pegava seus itens e saia do galpão.

Perto dali, havia outra multidão em frente a outro palanque, com um homem sobre ele.

— Muito bem, seus vermes, eu sou Oswald, responsável pela administração desta zona. As regras: não quero brigas, não quero discussões, só resultados. Como vocês são novos, vou me dar ao trabalho de explicar: não temos acomodações para todos vocês, então procurem um local protegido do vento. Aqui, em certas épocas do ano, costuma ser bem frio — disse, com um sorriso ameaçador.

Noctis teve a vaga impressão de que seu equipamento já tinha sido usado por outra pessoa, e agora conseguia imaginar o porquê.

— Uma coisa que vocês não foram informados: aqui nesta mina existem classificações. Vocês todos começam na patente de porcelana, o qual é a mais baixa, e podem subir até a mais alta, que é platina. Cada classificação concede benefícios, tais como comida melhor, equipamentos diversos e até sua própria mina, onde você pode trabalhar com sua equipe.

— Para subir para a próxima patente, vocês devem oferecer até 10 jades até o final deste mês. E mais uma coisa: não queiram cair abaixo da patente porcelana, para o próprio bem de vocês.

— As, jades são divididas em três estágios — ele falou, enquanto tirava três pedras do bolso. — Primeiro, as, jades de classificação baixa — Oswald disse, mostrando uma pedra verde clara. — Em seguida, as de classificação média — mostrou uma pedra com um tom mais profundo de verde. — E por último, as de alta qualidade — a jade que mostrou tinha um lindo tom de verde profundo.

— Uma, jade de alta classificação equivale a 5 de classificação média e 10 de classificação baixa — concluiu a explicação.

— O trabalho começa a partir do raiar do dia e para ao cair da noite. E, claro, vocês podem continuar trabalhando se quiserem ou aguentarem. As refeições serão servidas três vezes ao dia, um sino vai indicar o horário, então não tenham pressa. Por enquanto, é isso. Recomendo que descansem porque amanhã vocês terão um dia cheio — disse e logo depois foi embora.

Noctis começou a andar, não em busca de um local para dormir — por algum motivo ele não estava com sono —, em vez disso, buscou a entrada da mina, que estava no chão, marcada com uma placa.

— Caverna 7 — murmurou, enquanto olhava para o buraco no chão com uma escada para acesso e uma pequena lamparina no chão.

Ele pegou a lamparina nas mãos. Não era muito pesada e tinha a dimensão de uma garrafa de 2 litros. Ele olhou ao redor e viu uma espécie de pequena chave na lateral. Girando-a, a lamparina se acendeu com um belo brilho amarelo.

Pegando seu equipamento e com a lamparina nas mãos, ele desceu o buraco. A mina era relativamente profunda, com o buraco já passando dos 15 metros de profundidade.

Chegando ao fundo, ele desceu da escada, observou o pequeno salão em formação por um momento e então usou seus olhos.

O mundo mudou para um cinza monocromático que fez seus lábios se arquear em um sorriso, pois, usando seus olhos, ele conseguia ver milhares de pontos semelhantes a estrelas brilhando nas paredes.

Das mais variadas cores: de amarelos a roxos, uma cor que ele nunca havia visto antes.

Mas algo mais chamou sua atenção: lá, muito mais a fundo no chão, existia uma enorme área dourada.

A área abrangia boa parte da região onde ele olhava.

— O que será que há lá embaixo? — seus olhos brilhavam de curiosidade e ganância. Se as cores representavam oportunidade, essa aí deveria ser incrível.

Ele rapidamente controlou seus pensamentos. O que quer que tenha lá não era nada que ele podia pegar agora: ele não tinha nenhum conhecimento, não sabia onde estava, não tinha ideia da história ou geografia do local e nem força. Ele teria que jogar com inteligência as cartas que tinha à disposição.

Chegou até uma das paredes onde havia alguns pontos em verde. Ele nunca havia usado uma picareta e não queria danificar os jades com sua inexperiência.

Com movimentos inexperientes e amadores, bateu na parede. O barulho da pedra sendo quebrada perdurou por um momento até que ele finalmente encontrou seu prêmio.

Escavando o resto com as próprias mãos, ele desenterrou uma bela pedra na cor verde clara, indicando que era de baixa qualidade.

Noctis não se importou com isso; ele já sabia que o que ia encontrar não valia muito. O que levantou outra dúvida na cabeça foi: como seus olhos determinavam o valor de algo ou sabiam que algo era valioso?

Deixando essas perguntas para o fundo da mente, ele colocou a jade no saco, já que era o único local onde podia guardar no momento.

Ele continuou o trabalho de maneira contínua. Como só buscava em locais onde sabia que haveria jades, não fazia muita sujeira, então não tinha muito entulho a ser recolhido no momento.

Outra coisa que percebeu foi sua resistência. Ele não sabia há quanto tempo estava trabalhando, mas, pela sua experiência, já deveria estar sentindo alguma fadiga. Contrariando suas expectativas, seu corpo estava repleto de energia.

Ele continuou com o seu trabalho, sempre recolhendo jades de baixo grau, até conseguir 10 jades comuns. Era o que precisava para começar a ganhar alguns privilégios por ali.

— Eu deveria manter um perfil baixo por enquanto, mas também devo me mostrar valioso. Se eu estiver certo sobre a personalidade preliminar de Azadrax, ele, assim como qualquer outra pessoa em posição de poder, vai valorizar e cuidar das pessoas que lhe dão dinheiro — raciocinou.

Azadrax, assim como qualquer pessoa que busca lucro, deveria manter as pessoas que lhe dão dinheiro perto de si mesmo e protegidas; então ele tem que se mostrar valioso.

Ding-ding-ding.

Um som de sino o tirou de seus pensamentos.

— Esse deve ser o sinal do café da manhã — falou com entusiasmo e surpresa, já que, aparentemente, passou a noite toda trabalhando, mas não sentiu o menor cansaço, só uma fome crua.

Ele recolheu seus equipamentos, colocando as jades no fundo do saco de dormir, e saiu da caverna.

Chegando à superfície, viu que o sol estava a nascer no horizonte, lançando um belo brilho amarelo no céu azul.

De um lado da mina, ele viu uma enorme fila com mais de 50 pessoas já formada. Na ponta, viu duas pessoas servindo uma tigela de sopa com um pedaço de pão seco como alimento.

Dois guardas armados protegiam e vigiavam o ambiente para a segurança de todos.

Noctis estava com bastante fome, mas sabia que andar com seu pequeno tesouro por ali era burrice.

Ele se dirigiu até um dos guardas no começo da fila, ganhando olhares confusos das pessoas na fila.

— Bom dia — Noctis cumprimentou um dos guardas.

O guarda usava um traje de couro escuro com calças protegidas e botas pesadas. O homem tinha um porte agressivo em seu semblante enquanto olhava para Noctis.

— Bom dia. Em que posso ajudá-lo? — o homem usou palavras educadas, mas o tom era rude.

Noctis não se importou com a atitude e perguntou o que queria saber:

— Acho que não nos explicaram ainda, mas onde podemos levar as jades que encontramos?

O homem pareceu confuso com a pergunta por um momento, mas logo seu semblante se iluminou.

— Ah! Certo, acho que o senhor Azadrax não teve tempo de explicar. Atenção! — o homem gritou em tom autoritário para os homens na fila.

— Como o senhor Azadrax não teve tempo de explicar, eu vou. Caso algum de vocês ache uma jade, leve até aquela casa ali — disse, apontando para uma tenda recém montada perto dos portões.

— Acho que não preciso perder meu tempo avisando que qualquer jade encontrada escondida resultará em morte — terminou sua explicação com uma declaração sombria.

Noctis assentiu em agradecimento ao homem e seguiu até a tenda.

A tenda era fechada, finamente trabalhada em uma bela cor azul profundo. Tinha um tamanho impressionante, quase tão grande quanto uma casa.

Diferente dos outros guardas que usavam armaduras de couro e espadas gastas, os guardas dessa tenda usavam uma fina armadura de metal prateado.

Seus rostos estavam escondidos por capacetes com uma pena preta na cabeça.

As espadas que usavam estavam embainhadas em bainhas de couro preto.

Noctis não sabia se estava vendo coisas, mas parecia que o ar em volta desses cavaleiros ondulava levemente.

— Nota mental: não mexer com esses caras — anotou mentalmente e entrou na tenda.

Lá dentro havia uma lamparina finamente trabalhada no teto, um tapete cobrindo o chão, uma bela mesa de carvalho e uma moça na casa dos quarenta, atrás da mesa, lendo um livro calmamente.

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