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Chapter 9 - A decisão de ficar forte

Decidido, ele correu atrás dela e logo se deparou com três demônios cercando a garota em uma rua sem saída. O beco era estreito, com muros altos e rachados, e o cheiro de sangue já impregnava o ar.

— Ei! O que vocês tão fazendo? Não façam mal a ela!

Os demônios baixaram a guarda por um instante. Foi o suficiente.

A garota, com um sorriso malicioso, sacou duas adagas negras debaixo do capuz. Num piscar de olhos, girou o corpo com leveza e decapitou o primeiro demônio. O sangue escuro espirrou pelas pedras do chão. Os outros dois tentaram reagir, mas não tiveram chance: em segundos, seus corpos tombaram no chão, com olhos arregalados, como se ainda não entendessem o que havia acontecido.

Após o massacre, ela ergueu o olhar para Kenji. Por um breve momento, seus olhos brilharam com uma sede de sangue tão intensa que congelou os pés dele no chão. Mas, sem dizer uma palavra, ela apenas passou por ele, como se não fosse digno de sua atenção.

Kenji se virou, tentando acompanhar os passos dela. Mas quando olhou para trás… ela já não estava mais lá.

— O quê…? — murmurou, dando um passo hesitante.

Correu até a esquina do beco, olhos vasculhando cada detalhe — o chão manchado de sangue, as paredes sujas de fuligem, o vento assobiando entre as telhas. Mas não havia sinal algum dela. Nenhuma pegada. Nenhuma sombra. Nenhum som.

Era como se ela nunca tivesse estado ali.

Kenji andou alguns passos, ainda incrédulo, até parar no centro da rua silenciosa. Olhou para cima — o céu escuro, coberto por nuvens densas, parecia observá-lo de volta.

— Aquilo… não foi normal — sussurrou, sentindo um calafrio subir pela espinha.

O único som que restava era o sutil bater de seu próprio coração, confuso e acelerado.

Ainda em choque, Kenji voltou para a casa de Ryota. A noite estava fria, e os ventos cortavam como navalhas pelas ruas escuras da vila. Lá dentro, entre risadas forçadas e algumas broncas, Ryota logo percebeu que o amigo não estava normal.

— Kenji chegou! Vamos entrar, tá frio lá fora — chamou Ryota, abrindo a porta com um sorriso.

Sentados à mesa de madeira, com canecas de chá fumegante entre eles, Ryota foi direto:

— Então, você tem algo pra contar, né?

— Ah, sim… mas como você adivinhou? — respondeu Kenji, tentando disfarçar a tensão.

Ryota zombou, encostando-se na cadeira com os braços cruzados:

— Idiota. Se não fosse esse motivo você não estaria aqui a essa hora.

— Na verdade… eu vi uma garota. Ela era diferente — começou Kenji, procurando as palavras certas.

— Ah entendi! Você é um tarado né? — riu Ryota, já esperando outra história boba.

— Seu idiota não é isso! Esquece a garota — resmungou Kenji.

— Então o que você queria dizer mesmo?

Kenji respirou fundo. Seus olhos brilharam com determinação.

— Ryota você tem um mestre que te treinou certo? Consegue me apresentar a ele?

Ryota suspirou e apoiou o cotovelo na mesa.

— Treinei com um amigo do meu pai. Um mestre de artes marciais da terra dele… mas o cara é meio andarilho. Depois de um tempo, foi embora pra algum lugar da Ásia. Difícil saber onde está hoje. Mas por que essa súbita vontade de treinar?

Lembrando de tudo que havia acontecido, Kenji apertou os punhos.

— Eu cansei de ser fraco! Sempre dependo dos outros pra me proteger. Não consegui salvar minha irmã nem o senhor Tomoji. Se eu tivesse sido mais forte, talvez aquele grupo nem tivesse atacado o armazém!

Ryota, agora mais sério, retrucou:

— Ei se acalma. Nada do que aconteceu naquela noite podia ser evitado.

— Mas dava sim! Como você pode saber do que eu sou capaz se nunca testamos minha força? — insistiu Kenji.

O silêncio que se seguiu foi denso, quebrado apenas pelo vento batendo na janela.

Por fim, Ryota cedeu:

— Você tem razão. Mas não adianta se desesperar. Promete que não vai fazer nada imprudente, ok? Promete que não vai se meter em confusão?

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