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Chapter 3 - Frank

Na manhã seguinte, comecei a trabalhar na resolução dos problemas da família. Enquanto Fiona devolvia o carro alugado e ia à loja para comprar um novo, eu me dirigi à casa do velho Mark, que ficava de frente para a casa da Vic e era uma das melhores, senão a melhor, da rua.

Grande e bem cuidada: cinco quartos, um deles com banheiro com banheira; sala de estar; cozinha; porão com lavanderia; um escritório/biblioteca com um banheiro grande e hidromassagem. O velho Mark provavelmente tinha ideias estranhas para aquele lugar. Converteríamos o escritório em um sexto quarto, que seria meu, e manteríamos dois banheiros com lavabo para uso comum.

Um belo jardim na frente e uma grande área nos fundos, com piscina e hidromassagem para doze pessoas. Passei quase uma hora observando o lugar e negociando com o velho Mark; a casa já estava vazia, então poderíamos nos mudar a qualquer momento.

Fechei o negócio com Mark em $280 mil, um preço baixo para uma casa desse tamanho, mas ele estava satisfeito com o valor. Ele não tinha filhos, e isso ajudaria a curtir a aposentadoria.

Fiona chegou ao fim da negociação; ela dirigia uma Suburban preta de segunda mão. Fiona entregou o cheque a Mark, e os dois assinaram os documentos de transferência. O resto do dia foi dedicado a compras. Reunimos toda a família e passamos a tarde em lojas de móveis e eletrodomésticos.

Compramos móveis de bom gosto para os cômodos compartilhados, mas permitimos que os pequenos decorassem seus quartos de acordo com seus gostos. Foi bom ver o brilho em seus olhos. Quando terminamos, eu estava recebendo um carro próprio.

Ian teria o dele quando tivesse idade; por enquanto, apenas Fiona e eu dirigíamos na família. Optei por uma Silverado de segunda mão, robusta e confiável, que serviria para o dia a dia sem atrair atenção indesejada.

Agora motorizados, voltamos para casa e começamos a fazer as malas. Ao mesmo tempo, o serviço de entrega montava nossos móveis na casa nova.

No dia seguinte, levamos nossos itens pessoais para a nova residência. Apenas os pertences de Frank ficariam na antiga, já que ele não seria bem-vindo na nova.

Vic nos ajudou na mudança; ela estava tão feliz quanto minha família, algo que, de certa forma, a fazia parte.

Enquanto minha família se ajustava, entrei na camionete com Vic e fomos ao mercado. Era a estreia da nova casa, então comprei bifes, salsichas e costeletas para churrasco. Não poupava gastos, escolhendo sempre o melhor.

Quando voltamos, acendemos a churrasqueira, e eu observei os pequenos novamente. Seus olhinhos brilhavam ao ver a carne assar, salivando com o cheiro delicioso que se espalhava pelo ar, fazendo nossas barrigas roncarem.

No início da tarde, Kev chegou com cervejas e se juntou a nós; seu turno só começaria à noite, então aproveitaria um pouco. Estávamos desfrutando do nosso primeiro churrasco em família em nosso novo lar, quando a campainha tocou.

"Eu atendo! Kev, cuide da churrasqueira, por favor." Falei, caminhando até a porta da frente; Fiona me seguiu, vestindo shorts e uma regata sem mangas.

Enquanto atravessava a sala, o cheiro de móveis novos e o frescor do ar-condicionado me atingiam de forma agradável. Era um dia perfeito; eu estava feliz.

Abri a porta e senti desgosto instantâneo. À minha frente estava um homem acabado: cabelos e barba grandes, olhos vidrados e vermelhos, rosto envelhecido por anos de abuso de álcool e drogas.

Frank Gallagher em pessoa estava ali; seu corpo exalava álcool, vômito e sabe-se Deus o quê mais.

"Lip, não vai convidar seu pai para entrar?" Perguntou ele, me encarando, quando não respondi.

"Irei te convidar a desaparecer e esquecer onde nós moramos!" Falei, meu tom frio; eu o encarava como a um inseto repulsivo.

"QUEM DIABOS VOCÊ PENSA QUE É PARA FALAR ASSIM COMIGO!" Frank gritou, dando um passo à frente, seu fedor intenso e irritante.

"EU SOU SEU PAI, EU CRIEI VOCÊ, EU DEI TUDO O QUE VOCÊ TEM!"

"AGORA QUE VOCÊS SE DERAM BEM, É HORA DE RETRIBUIR AO VELHO FRANK!"

Não falei nada. Meu corpo reagiu sozinho e, antes que eu percebesse, ele estava no chão. Meu punho havia atingido seu maxilar, e o homem desmaiara em um único golpe.

"Lip, o que você fez!" Fiona falou, dando um passo à frente, mas me virei e a encarei.

Ela congelou ali, me olhando; atrás dela, o resto da família se aproximava.

"Essa casa é nossa. Frank não é bem-vindo aqui, e se ele tentar algo, apenas o derrubem! Eu fui claro?"

Notei Debie querendo falar algo, mas Ian colocou a mão em seu ombro, e ela se calou.

"Voltem para dentro, eu vou cuidar disso. Kev, poderia me ajudar?" Perguntei, mas meu tom era frio. A ajuda que queria não era para carregar Frank, mas para ter alguém como testemunha, assim eu não precisaria me preocupar em sufocá-lo.

Kev e eu arrastamos Frank até a casa antiga e o jogamos no sofá. Quando voltamos, o clima estava arruinado; Debie estava sentada, chateada. Ignorei os olhares e caminhei até ela, puxando-a para o colo e a abraçando.

"Olha, Debie, sei que você ama o Frank e tem um coração enorme! Mas entenda: esta é nossa casa, nosso refúgio, e não aceitaremos quem traga caos aqui."

"Frank é um péssimo pai; nunca trouxe nada para nós, apenas nos tirou cada pequena conquista! Não me importo que você fale com ele na rua, mas ele não entra aqui, e você não dá nada daqui para ele."

"Além disso, não lhe dê mesada, ou ficarei chateado!"

Falava com paciência e calma, mas sem espaço para negociação. Todos prestavam atenção; com Vic e Kev me observando, eu via a curiosidade de Vic pelo novo Lip, seus olhos fixos em mim.

"Tudo bem, pessoal, chega disso. Estamos aqui para comemorar, então por que ninguém dança ou pula na piscina?" Falei, tirando a camisa e as calças e me jogando na piscina usando apenas boxers justas.

Meu corpo musculoso estava à vista de todos.

"Porra, Lip, quando você ganhou esse corpo?" Vic caminhou até a beira da piscina, arrancando a blusa e os shorts, usando apenas um conjunto de calcinha e sutiã preto rendados.

"Exercícios, trabalho duro e um surto de crescimento." Falei, observando-a entrar na água.

"Tudo bem, e onde aprendeu a socar daquele jeito, Lip?" Perguntou Kev, tirando a camisa e se jogando na piscina.

Logo, todos estavam tirando a roupa e entrando na água. Não nos importamos com o que vestíamos, apenas chapinhamos na água, rindo e brincando. Todo o incidente com Frank foi esquecido.

Quando o sol se pôs, minha família se retirou para a sala de estar, estreando a nova TV gigante. Eu continuei deitado em uma espreguiçadeira, ao lado da churrasqueira ainda crepitando, enquanto um bife gordo e suculento assava lentamente e eu tomava uma cerveja gelada.

Estava relaxando quando passos soaram. Vic se esticou ao meu lado e se virou; ela havia colocado shorts e regata, mas seus peitos grandes ameaçavam escapar da roupa.

"Diga, Lip, o que está acontecendo?" Perguntou com curiosidade.

"Sobre o quê você está falando, Vic?" Perguntei sem olhar, mantendo os olhos na churrasqueira enquanto virava o bife.

"Você sai por três semanas, volta mais alto, másculo e forte. Seu jeito de falar muda, sua forma de andar muda, seu olhar muda! Quem é você e o que fez com o pequeno Lip? Embora eu prefira essa versão mais máscula e sexy, eu gostava do meu Lip antigo também!" Vic falou com uma voz sexy e me deu um olhar intenso.

"Eu tive um surto de crescimento, Vic, não sei explicar. Quanto ao resto, eu cansei; estava em meio a um lugar lindo, cercado por crianças ricas e mimadas, então pensei em nós, em tudo que passamos!"

"Pensei sobre isso e resolvi que assumiria as rédeas, ajudaria minha família!"

Vic me encarava em silêncio, seus olhos parecendo perscrutar minha alma.

"Não irei questionar sobre isso, você cresceu e Deus sabe o quanto você e sua família merecem ser felizes. Só me prometa que não vai se perder, Lip. Não sei como conseguiu esse dinheiro, mas não acredito que seja em um leilão de armazenamentos..."

Sorri para ela, mas não respondi. Levantei-me e estiquei os músculos, notando que Vic observava a protuberância em minha boxer. Honestamente, era uma mudança impressionante: grande, grosso e duro como uma rocha.

"Hng, realmente gosto muito mais dessa versão!" Vic lambeu os lábios, me encarando abertamente.

"Kev vai ficar irritado se te ver falando isso!" Respondi, divertido, fatiando a carne e nos servindo.

"Ele não liga, desde que eu o compense depois!" Ronronou, com um olhar capaz de derreter um adolescente comum.

Mas eu não era um adolescente comum; mentalmente, era um adulto. Com minhas memórias da vida passada, assim como os conhecimentos do agente 47, podia controlar um corpo hormonal adolescente, até certo ponto... afinal, a carne é fraca.

Comemos por alguns minutos enquanto discutíamos algumas coisas. Eu estava sentado confortavelmente, costas eretas. Vic mantinha aquele olhar faminto em seu rosto.

Porém, logo teve que desistir, pois Fiona saiu com cervejas na mão. Ela nos entregou um par de latas e se sentou entre minhas pernas, encostando-se com as costas em meu peito e a bunda contra meu pau duro.

Era impossível que não percebesse, mas ela não disse nada. Acariciei seus cabelos macios enquanto bebia a cerveja. Fiona e Vic começaram a conversar sobre assuntos aleatórios, devolvendo a paz ao ambiente.

Por volta das duas da manhã, Kev apareceu, parecendo cansado. Pegou uma cerveja e sentou-se na cadeira de Vic.

"Frank apareceu, cara inchada, falando sobre o pequeno ingrato que ele deveria ter deixado morrer de fome. Mas como ele era gentil demais, criou o pequeno ingrato, que agora, com sucesso, se acha melhor que ele!" Kev falou. Fiona e Vic estavam irritadas, eu indiferente.

Minha atenção estava em meu inventário, onde havia algumas armas guardadas. Um rifle AR-15 modificado para caça chamou minha atenção. Talvez eu devesse lidar com Frank; ele era instável e barulhento demais, o que poderia atrair atenção indesejada.

"Fi, amanhã iremos à loja de armas, precisamos de algumas coisas registradas..." Comecei, e todos me olharam.

"Com Frank falando, podemos ter atenção indesejada aqui. É melhor ter algo registrado para alegarmos legítima defesa caso alguém tente invadir."

Eles não falaram, mas todos tinham olhares de compreensão e apreensão.

"Algo que você prefira nesse caso?" Fiona perguntou, virando-se para mim.

"Uma pistola, escolha uma Glock G-17, leve e de fácil manuseio. Também quero uma espingarda, para garantir caso o tiro não mate, e um rifle para momentos difíceis em que precisemos de poder de fogo." Falei com tom frio e indiferente; os olhares de todos eram estranhos.

"Tudo bem, vamos amanhã, e você escolhe!" Respondeu Fiona, enquanto eu envolvia sua cintura com os braços, descansando o queixo em seus ombros.

Eu estava alheio ao mundo ao redor, pensando no sujeito que, em sua primeira aparição em minha nova vida, já estava me causando transtornos. Respirei fundo, e o perfume de Fiona entrou em minhas narinas, meus braços apertando-a um pouco mais, trazendo-me de volta à realidade.

Eu resolveria com Frank em breve; por enquanto, desfrutaria de minha paz temporária. Conversamos por mais uma hora antes de Vic e Kev saírem. Dei um beijo na bochecha de Fiona e fui para o meu quarto.

Fiona e eu havíamos levado os quartos com banheiros próprios: um deles sendo o principal no segundo andar, onde Fiona dormiria, e o outro o escritório/biblioteca, maior e com espaço para trabalhar, equipado com uma hidro para três pessoas, onde eu ficaria. Debie dividia seu quarto com Liam, e os outros tinham seus próprios quartos.

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