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Chapter 4 - Primeiro Dia!

Na manhã seguinte, acordei relaxado. A cama nova era maravilhosa e meu quarto era bem arejado, ainda mais com o ar‑condicionado novo. Me levantei, tomei banho e me preparei para o dia: jeans, tênis, uma camiseta preta e moletom foram vestidos. Exceto por minha altura, as roupas largas do antigo Lip disfarçavam meu corpo perfeitamente.

Desci para a cozinha e Fiona estava lá, vestindo apenas shorts curtos e uma camiseta curta, seus cabelos em um rabo de cavalo alto.

"Bom dia, mana, dormiu bem?" perguntei a ela, indo até a geladeira e pegando ingredientes para um sanduíche.

"A melhor noite de sono da minha vida." respondeu ela sorridente, e não pude discordar ao lembrar de nossas velhas camas.

"Que horas vamos sair?" perguntei, montando meu sanduíche.

Fiona se serviu de café e caminhou em direção à mesa, em sua mão um prato com torradas e ovos e um copo de suco.

"Espere os outros acordarem, deixamos as crianças com Ian e vamos lá. Vic também prometeu ajudar."

Não respondi, me concentrando em comer enquanto pensava no dia agitado pela frente.

"Precisamos ir a um advogado, traga os documentos de todos..." murmurei depois de um tempo.

Fiona me olhou confusa. Quando eu não falei nada, ela suspirou.

"Por que faríamos isso?" perguntou ela finalmente.

Engoli meu sanduíche e bebi meu café, o sabor amargo me fortalecendo.

"Precisamos garantir a guarda legal dos pequenos. Agora que temos uma casa e dinheiro, iremos garantir que ninguém possa nos separar."

Fiona me olhou confusa; depois de algum tempo, pareceu compreender, seu olhar se tornando frio.

"Frank!?" disse ela em um rosnado.

"Nossa velha mãe também! Ela desapareceu por anos, mas uma mulher que abandona seus filhos também é capaz de tentar voltar para se aproveitar deles!" respondi indiferente, meus olhos, porém, estavam frios.

Fiona não respondeu, mas a vi apertar a faca em sua mão ao ouvir sobre nossa mãe.

"Tudo bem, loja de armas, depois advogado!" falou ela, sua voz firme e decidida.

Olhei em seus olhos e sorri. Da escada, o som de passos veio e nossa pequena trupe apareceu sorridente.

A mesa da cozinha se tornou caótica: conversas, risos e brincadeiras. Eu gostava dessa cena, a emoção era honesta e sincera. Depois do café da manhã, Fiona e eu partimos para cuidar das coisas. A compra das armas era simples, embora levasse três dias para que estivessem disponíveis.

O caso com o advogado foi mais complicado. Eu queria garantir o sucesso, então fomos ao melhor advogado de família em Chicago. Assinamos os contratos e entregamos as provas de abandono que Fiona havia reunido ao longo dos anos. O advogado nos explicou sobre como prosseguiria com o caso e voltamos para casa.

Os dias seguintes foram tranquilos. Passamos muito tempo em casa: ora na piscina, ora jogando videogame com os garotos ou apenas usando meus talentos. Além dos que eu havia recebido ao reencarnar, eu havia trazido meus conhecimentos da minha vida anterior.

Naquela época eu era um simples trabalhador de escritório, mas tinha meus talentos; eu era um bom investidor. Agora, mais de uma década antes, eu estava fazendo meu dinheiro dobrar. Nas duas semanas que se seguiram à nossa mudança, o capital inicial de nossa família dobrou, então triplicou.

Eu era bom e sabia o que estava para acontecer e me aproveitei desse conhecimento. O advogado estava trabalhando rapidamente, e a data para a audiência de custódia já estava marcada.

Quando setembro chegou, não foi surpresa que Fiona conseguisse a guarda. Tínhamos uma boa casa e uma conta bancária gorda. Bastou uma visita da assistente social a nossa casa, e outra à de Frank, para que a custódia fosse decidida.

Frank não se importou; ele nunca havia sido um bom pai de qualquer forma, e saber que não teria que arcar com qualquer responsabilidade sobre nós era um alívio para ele. O que o irritou, porém, foi a ordem de restrição que o proibia de se aproximar de nossa casa sob pena de prisão.

Quando Frank soube disso, sua fúria era tanta que ele reclamou no Álibi por uma semana inteira. Eu estava de olho em Frank, meus planos estavam em andamento e não me permitiam resolver o problema ainda, mas seria em breve: alguns meses mais e eu resolveria.

Em uma quinta-feira no meio de setembro, o período letivo voltou. Eu não estava empolgado com tal perspectiva, mas havia pouco o que fazer sobre isso. Acordei cedo naquele primeiro dia, tomei um banho quente e me preparei para o que estava por vir.

Vesti meus jeans escuros confortáveis, uma regata preta e um moletom largo, calcei um par de tênis e juntei meu material escolar. Quando cheguei à cozinha, meus irmãos estavam todos ali; Fiona havia preparado o café da manhã para todos.

Carl sentava-se à mesa, molhando um par de ovos fritos com torradas e bacon; Debie tinha o mesmo, mas comia como uma dama; Ian tinha uma refeição mais saudável. Como sempre, cada um seguia sua própria rotina matinal. Peguei café forte e preparei um sanduíche de presunto defumado.

Nas semanas anteriores, nossas rotinas haviam mudado muito; todos agora tinham boas roupas, próprios celulares e faziam coisas que gostavam. Carl estava aprendendo Muay Thai! Debie estava aprendendo a tocar piano e fazendo aulas de francês. Ian prosseguia participando de mais acampamentos de treinamento, agora que o dinheiro não era mais um problema. Fiona estava fazendo um curso preparatório e tentaria uma vaga na universidade de Chicago no próximo semestre.

Quanto a mim, eu planejava nosso futuro enquanto fazia pequenos investimentos seguros. Eu havia criado algumas empresas fantasmas e estava as usando para fazer investimentos discretos. Eu não queria atenção indesejada, então trabalhava em silêncio; nenhum dos meus familiares estava ciente do que eu fazia, embora Fiona visse o dinheiro aumentando devagar em nossas contas.

"Tudo bem, pessoal. Regras para o dia: nada de brigas a menos que vocês sejam provocados. Tenham cuidado e mandem mensagem se precisarem de ajuda. Aqui está a mesada da semana: $200,00 para cada." falei, deslizando as notas para meus irmãos.

"Certo, meninos, tenham cuidado lá e cuidem uns dos outros!" Fiona também entrou na conversa, um sorriso no rosto ao ver os irmãos com boas roupas e prontos para ir à escola.

Entramos no meu carro e levei meus irmãos para a escola. Nos separamos no estacionamento. Caminhei sozinho em direção ao prédio da escola, seguindo um caminho menos usado. Eu estava irritado por estar ali, mas a menos que eu quisesse me formar mais cedo, essa seria minha rotina.

Olhei ao redor e notei as adolescentes ali, jovens com pele macia e corpos se desenvolvendo, algumas já exibindo curvas. Eu tinha que admitir: talvez as coisas não fossem tão ruins.

"Lip, ei, Lip! Me espera!" veio uma voz animada, fazendo-me parar. Olhei para trás e lá estava ela: loira, olhos azuis, calças jeans justas e uma camiseta branca com moletom rosa; o decote exibia sua pele clara e o vale entre seus seios jovens e empinados.

Karen e o antigo Lip eram amigos há anos; eles haviam perdido a virgindade juntos após Lip completar 16 anos, mas não eram sérios, apenas amigos. Olhei para ela e pensei em quão idiota o garoto era em concordar com isso, com toda a besteira da série.

"Oi, Karen! Aproveitou o verão?"perguntei com um sorriso.

"Não muito, tive que ficar em casa e meu pai me arrastou para coisas da igreja, depois me mandou para um acampamento de jovens cristãs! Trinta dias rodeada de garotas em meio à natureza, sem telefone, sem amigos, apenas coisas de igreja!" respondeu ela.

"Não parece divertido." respondi e comecei a caminhar com ela ao meu lado.

"Você cresceu, parece mais forte também!" Karen falou de repente, entrando no caminho à minha frente, suas mãos tocaram meu peito e o acariciaram.

"Sim, muito mais forte!" murmurou ela, com um sorriso em seus lábios.

Olhei para Karen. Eu vinha sendo provocado em casa nas últimas duas semanas, hora por Vic, hora por Fiona. As duas encontravam oportunidades para se exibir à minha frente. Agora aqui estava uma garota provocando-me de forma inesperada.

Estiquei meu braço, minha mão direita envolveu sua cintura e a puxei para mim. Antes que ela pudesse resistir, eu a apertei contra meu corpo e a beijei. Karen retribuiu ao beijo, gemendo levemente.

Ouvi risadinhas e vi algumas garotas passando por nós; então a soltei com um sorriso divertido.

"Por que você fez isso?" Karen perguntou, nervosa e confusa.

"Por que você é gostosa e eu queria te beijar!" respondi divertido, mas vi um olhar de pânico em seu rosto.

Karen olhou ao redor e eu acompanhei seu olhar, vendo um garoto do time de futebol se afastando.

"Saia daqui, Lip! O Tommy do time de futebol me chamou para sair!" falou ela com urgência.

"Greg nos viu. Quando ele contar ao Tommy que você me beijou..." começou, mas eu a puxei novamente e a beijei.

Minha mente se lembrava de Karen da série; pelo que eu me lembrava, era inverno quando o primeiro episódio foi ao ar. Naquele momento, Karen já era uma jovem com experiência, mas, naquele cenário, estava começando o primeiro ano. Provavelmente Tommy seria seu primeiro parceiro sexual se eu não estivesse aqui.

Karen gemeu, seus braços rodearam meu pescoço enquanto ela retribuía o beijo.

"Você é louca!" murmurou ela quando nos separamos. Ouvi passos e vozes e me virei.

Cinco garotos caminhavam em minha direção. O primeiro deles era branco, tão alto quanto eu, com ombros largos e corpo forte. O do lado direito era negro, acima do peso, com corpo musculoso. Ao lado esquerdo estava outro negro, mais magro e tão alto quanto Tommy. Os outros dois eram brancos e magros, porém musculosos.

O grupo caminhava em nossa direção com olhares ferozes, tentando me intimidar.

"Gallagher!" rugiu Tommy, aproximando-se.

O observei, mas não me movi, minha mão envolta na cintura de Karen. Ele olhou para meu rosto, o leve sorriso nos meus lábios e meus braços ao redor da garota que ele queria. Tommy explodiu correndo em minha direção.

"Lip, corre!" murmurou Karen, me encarando, antes de se virar para Tommy.

"Você não vai a lugar nenhum com esse idiota, ou com qualquer idiota. Fomos claros?" perguntei devagar, com um tom calmo, porém autoritário.

Senti Karen estremecer; ela assentiu.

"Boa menina!" murmurei e a beijei.

"GALLAGHER!" rugiu Tommy, correndo em nossa direção como um touro raivoso.

Dei um passo de lado e arrastei Karen comigo. Minha perna girou e plantei-a no centro das costas de Tommy, que voou por dois metros antes de deslizar pelo chão.

Soltei Karen e dei um passo à frente. O cara gordo foi o primeiro a agir, seu braço pesado desceu em minha direção, mas me esquivei e acertei um soco pesado em sua costela direita. O cara gemeu e tentou me socar, mas girei, minha perna se torceu como um chicote e plantei um chute em sua cara, derrubando-o.

Seu nariz estava quebrado e amassado contra seu rosto. Os dois caras que sobraram foram mais inteligentes, porém ainda tolos. Eles correram em minha direção juntos; o primeiro tentou me chutar, mas segurei sua perna e girei meu corpo, arrastando-o comigo. Usei o cara como uma marreta e o lancei contra seu amigo. Os dois se chocaram e desabaram no chão duro. Seus corpos eram uma confusão de membros enquanto os dois gemiam no chão.

"Agora, rapazes, lembrem disso!" falei para os cinco e para a multidão que nos olhava. — Vocês mexem com um dos meus, e eu faço o mesmo com vocês!

Dei as costas aos caras caídos e segui em frente com Karen; seus olhos estavam brilhantes ao me encarar.

"Como você fez isso?" murmurou ela, com adoração.

Olhei para ela e dei um tapa em sua bunda, fazendo-a soltar um gritinho.

'Comporte-se! Como diabos você consegue um encontro antes mesmo de as aulas começarem?" perguntei irritado.

Karen me olhou confusa, mas pareceu sentir algo em meu olhar.

'Lisa, uma amiga, me ligou ontem. Ela e Greg, o cara alto que você acertou como um pino de boliche, estão saindo faz alguns dias!" Karen fez uma pausa.

"Então Lisa me ligou, disse que Tommy queria sair comigo e estaria me esperando no estacionamento hoje de manhã."

"Quando meu pai me deixou, ele estava lá. Conversamos e ele me chamou para sair antes de ir ver seus amigos!"

"Você sabe o que vem depois disso, mas, Lip, você não está preocupado? Brigar no primeiro dia de aula pode causar muitos problemas!"

Karen estava preocupada; seus olhos me encaravam com medo e algo mais.

"Relaxe, os idiotas não vão piorar as coisas. Eles levaram uma surra em frente à metade da escola."

"Se denunciarem isso ao diretor, terminarão expulsos de seus grupos sociais." respondi com indiferença.

Caminhamos até a classe e nos sentamos no fundo. Eu estava distraído e um pouco irritado comigo mesmo. Eu poderia ter resolvido as coisas de forma limpa, mas descontei um pouco da raiva acumulada naqueles garotos, meus atos sendo impulsivos e muito diferentes do meu eu normal.

"Então, onde você aprendeu a brigar assim?" Karen me encarou com aquele brilho nos olhos.

"Lembro de você evitando brigas, fugindo sempre que possível até o ano passado!"

Sorri, divertido, observando enquanto a classe se enchia. Várias garotas me encaravam com interesse e eu podia ouvir meu nome sussurrado.

"Apenas aprendi a me defender durante o verão; além disso, eu ganhei alguns bons músculos." Enquanto eu falava, tirei o moletom e coloquei na cadeira. Meus braços fortes, agora expostos, exibiam meus bíceps bem desenvolvidos.

"Percebe-se!" murmurou ela, seus olhos indo de meus braços para a camisa que abraçava meu corpo.

Conversamos mais um pouco e logo nos envolvemos na aula. Algumas pessoas vieram até mim para conversar; outras ficaram apenas encarando. Mas eu sabia que, ao fim do dia, eu teria uma nova reputação.

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