“Chen Shi!”
Diante do Templo da Vovó Heishan, nuvens azuladas tremularam como ondas. O portão do templo se abriu como uma enorme boca, e dali saiu uma voz fria:
“Eu, sua avó, não fui te procurar, e ainda assim você veio até mim para morrer! Muito bem. Hoje, a avó vai te mandar desta para melhor — que corpo e alma sejam destruídos! Crianças, matem-no para mim!”
Montes e vales se encheram de ratos cinzentos vestidos de túnicas, avançando em enxames como uma maré viva. De longe já se ouvia o som cortante de suas espadas Ziwu Zhanye, assobiando enquanto rasgavam o ar.
Diferente dos cultivadores humanos que Chen Shi conhecera, esses ratos não tinham escrúpulos. Não se importavam se havia aliados à frente — lançavam suas técnicas indiscriminadamente, mesmo que matassem uns aos outros.
Só diante de seus olhos, Chen Shi viu quatro ou cinco morrerem atingidos pelas próprias lâminas de seus companheiros.
Ele respirou fundo. Em suas mãos, a imensa viga carmesim parecia o bastão dourado do Rei Macaco — pesada e flexível à vontade.
“Se é para derrubar montanhas e destruir templos, então que não reste nada!”
Pisando no passo das Sete Estrelas, estrelas explodiram sob seus pés. Ele desviou das lâminas que vinham, formou selos com a mão, e da arca espiritual em seu altar interior, espadas de energia dispararam, lançando os inimigos pelos ares.
“Lentos! Lentos demais!”
“Como pretendem matar alguém assim?”
Com passos largos, Chen Shi brandiu a viga carmesim. O trovão rugiu; a cada golpe, cabeças de rato rolavam.
Era estranho. Aqueles ratos dominavam a técnica Ziwu Zhanye do Coração Celestial da Retidão, claramente ensinada por cultivadores humanos. Suas espadas eram precisas, mas aos olhos de Chen Shi, lentas demais, faltando explosão. Muitos ataques ele podia evitar sem nem usar o Passo das Sete Estrelas.
Suas próprias espadas, no entanto, eram velozes como relâmpagos — nenhuma errava o alvo. Cada lâmina espiritual que disparava ceifava uma vida.
Ele podia até guiar o rumo da espada com a força da mente — algo que fazia instintivamente, sem pensar.
Mas para os ratos, as lâminas de Chen Shi pareciam dobrar-se no ar, curvas imprevisíveis que inspiravam puro terror.
Chen Shi não aprendera nenhuma outra arte mágica além da Ziwu Zhanye. Ele a havia estudado no velho livro Coração Celestial da Retidão que Li Tianqing lhe dera. A diferença estava em seu corpo.
Sem possuir um Feto Divino, não podia reunir mana. Em vez disso, treinava incessantemente o refinamento das Sete Estrelas do Norte, temperando ossos, sangue e espírito. Sua mente se tornara afiada como aço.
Essa força espiritual, embora parecesse inútil, dava-lhe controle sobre a energia das espadas — uma vantagem sutil, mas devastadora.
Os ratos pareciam lentos apenas porque Chen Shi era rápido demais.
Ele ergueu a viga colossal com leveza surpreendente. Amuletos de trovão — Cinco Raios, Grande Trovão, Palma do Deus do Trovão, Dez Generais do Trovão — brilharam em sucessão. O som do trovão ecoou e cabeças explodiram como flores vermelhas.
Em poucos instantes, ele já havia varrido o caminho até metade da montanha.
Adiante, enxames de ratos se aglomeravam. Cinco anciãos de barbas brancas observavam do alto, furiosos.
Atrás deles, uma nuvem negra se formava, cobrindo dezenas de acres — sobre ela, erguia-se o Templo da Vovó Heishan.
Um dos anciãos apontou para Chen Shi. De seu Dantian, lâminas de energia carmesim dispararam como fios de sangue — finas como cabelos, em centenas, impossíveis de bloquear.
Chen Shi varreu-as com um golpe. Um trovão ensurdecedor ecoou, destruindo todas as lâminas em um instante.
Ergueu a viga e a firmou no chão. Seu sangue fervilhava; o corpo cresceu, de um jovem para a estatura de um homem feito. Com um chute poderoso, lançou a viga como uma lança flamejante.
Onde passava, relâmpagos e fogo explodiam; ratos caíam com as cabeças estouradas pelo estrondo.
Correndo atrás dela, Chen Shi empurrou a viga adiante, força e velocidade em seu auge.
Enquanto isso, no altar de seu espírito, espadas de energia colidiam e se fundiam.
Um dos anciãos bloqueou a viga com as garras, zombando:
“Chen Shi, sem Feto Divino, sem Dantian formado — e ainda ousa destruir um templo?”
Mas o impacto o fez recuar, sangue escorrendo da boca. Relâmpagos explodiam ao redor, rachando o chão.
Outros dois anciãos se juntaram, usando juntos a força para deter a viga.
Eles se entreolharam, espantados.
“Meu corpo é meu Feto Divino. Minha vontade é minha arte!”
Chen Shi moveu o selo da espada — e uma lâmina espiritual disparou.
O campo protetor dos anciãos, formado por seus Dantians dourados, parecia um pântano. A lâmina afundava devagar… até que uma segunda veio e colidiu com a primeira, quebrando-a em centenas de fragmentos que cortaram em todas as direções.
Uma terceira veio, e outra, e outra — sete no total.
No sétimo golpe, a barreira se partiu, e a lâmina atravessou o pescoço de um dos anciãos. Sua cabeça rolou.
As seis espadas restantes se dispersaram, forçando os outros dois a recuar. Seus Dantians dourados lançaram-se no ar, esmagando o espaço ao redor.
Nesse instante, Chen Shi saltou e deu um chute na viga, lançando-a como um raio em direção ao templo.
“Refinei meu sangue e espírito, fundindo-os em um só. Meu Dantian gira — e assim é meu poder.”
Ele aterrissou, correndo contra a pressão dos Dantians.
“Por que eu não poderia derrubar montanhas? Por que não destruir templos?”
Seu punho caiu como trovão. Um dos anciãos ergueu a pata para bloquear, mas o braço se partiu; os dedos se despedaçaram. O punho de Chen Shi esmagou-lhe o rosto.
“Igual a mim em nível, e ainda ousa me subestimar? Isso é morte!”
Antes que o eco cessasse, ele girou o corpo. Um chute em foice cortou o ar e decapitou o segundo ancião.
Mesmo com corpo temperado pelo Dantian, ele caiu — carne e osso incapazes de resistir.
Chen Shi correu atrás da viga que já avançava em direção ao templo.
Dentro do santuário, fumaça negra transbordava da porta, tentando conter a viga. Mesmo sem sua forma divina, o poder da Vovó Heishan ainda era assustador.
Os dois anciãos restantes tentaram interceptar, mas Chen Shi passou por eles como um raio, a fita vermelha de sua cabeça se esticando ao vento.
O muro de energia negra bloqueava o caminho; a viga ficou presa nele.
Então, Chen Shi agarrou sua extremidade e, girando o corpo, fez a viga rodar. Os símbolos de trovão gravados nela brilharam e explodiram, destruindo o portão e dissipando o muro de energia.
Com um rugido, ele concentrou toda a força no punho e golpeou a base da viga. O estrondo ecoou pelos céus; a viga atravessou o pátio e invadiu o salão principal.
Dentro, a fumaça negra se enrolava em torno da estátua da Vovó Heishan. De repente, o rosto da estátua se afundou — e no lugar apareceu um enorme buraco, cheio de dentes minúsculos e brilhantes, como grãos de arroz, que se estendiam para dentro sem fim.
Era uma boca. Um abismo.
Não era à toa que diziam que a deusa que protegia a Montanha Negra parecia mais um demônio que uma madrinha.
Mesmo as dezenas de runas de trovão não a feriram.
No instante em que a boca prestes a devorar a viga, Chen Shi correu e agarrou sua ponta, canalizando todo o seu Qi.
“Não!”
A estátua negra se ergueu, com mais de cinco metros de altura. Oito braços longos e finos se abriram como os tentáculos de uma aranha, agarrando Chen Shi pelo pescoço, pelos pulsos e tornozelos, tentando rasgá-lo ao meio.
“Nãoooo!”
Seu grito ecoou, mas naquele momento, o dragão dourado pintado na viga ganhou vida.
Um rugido ensurdecedor soou — o dragão emergiu, e a cabeça da estátua explodiu em pedaços.
A onda sonora foi tão poderosa que até um dos anciãos ratos desmaiou, e Chen Shi cambaleou tonto, vendo o salão ruir à sua volta.
Momentos depois, o Templo da Vovó Heishan não passava de ruínas. O dragão dourado se enrolou sobre os escombros, rugiu para o céu e desapareceu, voltando a se fundir na viga carmesim.
Os oito braços da estátua despedaçada ainda agarravam Chen Shi, mas logo se desfizeram em pó.
Ao cair no chão, ele girou o corpo e lançou uma última lâmina espiritual — que partiu em dois o corpo inconsciente do ancião rato.
Só então respirou aliviado.
“Se é para derrubar montanhas e destruir templos... que não reste nem a raiz.”
