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Chapter 72 - O primeiro amigo

Houve muitos que perderam a consciência com o passar do tempo, Huda foi um deles, e não vou mentir, mas por um momento pensei que meu destino seria o mesmo.

 

Tamanha pressão vinda do arsenal não poderia sequer ser comparada ao que estou experimentando aqui, aquilo é uma brincadeira de criança perto desse lugar, e imaginar que ainda há três outros andares.

 

Meus irmãos me ensinaram que a refinação da energia é baseada no Controle Interno, quanto mais alto for a sua compreensão sobre ela, mais energia poderá ser refinada, e ao mesmo tempo isso aprimora a Força Interna. Portanto, se alguém for incapaz de refinar tamanha energia densa, só provaria o seu baixo nível de compreensão. Meu Controle Interno não é ruim se comparado aos outros, é por isso mesmo que consigo me manter.

 

Após um tempo refinando, senti como se estivesse quebrado uma barreira, finalmente avancei para a Primeira Estrela de Prata. Posso me movimentar livremente agora, me sinto tão leve, meu nível de poder finalmente se elevou mais uma vez, estou muito satisfeito!

 

Olho ao redor e vejo muitos ainda refinando, outros continuavam apagados. Andei pelo local e percebi, por dentro o prédio era imenso, qualquer um poderia facilmente se perder ali, haviam muitos livros nas prateleiras, todos eram técnicas, porém a maioria era de uma qualidade muito baixa. Haviam algumas técnicas boas como Golpe Antigravitacional e o Dragão Espiral, onde seus golpes se baseiam-se em garras e chutes, bem como o manuseio de ponto central, e nuvens do recuo onde se baseia apenas em desviar dos ataques. Apesar de me sentir tentado a pega-las, não devo, meus irmãos falaram para não ser um colecionador de técnicas, todas as técnicas possuem níveis de proficiência e grau de harmonia, sendo assim de nada adianta possuir um grande arsenal e as mesmas não terem o seu devido foco.

 

Apesar do aviso de meus irmãos, eles me alertaram sobre a importância de técnicas especiais, ou que possuem um alto valor, mas não é o caso destas.

 

Caminhei pelo local logo em seguida, então avistei a escada para o Segundo Andar, fiquei tentado a bisbilhotar, mas tenho que ir com calma, se o Primeiro Andar foi tão intenso assim, o Segundo seria algo insano, eu precisaria de pelo menos avançar para a Segunda Estrela.

 

Enquanto estava indeciso, de repente ouço uma voz: — Oras, então você ta aqui, e a nossa luta? — Era Rhavi, novamente com a mesma conversa de sempre.

 

— Você só pensa em luta? Deveria pensar em Deus também. — Ironizei.

 

Ele então respondeu: — Deus tá no céu, eu não posso lutar com ele.

 

— ... Você deveria pensar nas suas palavras. — O quão louco por luta ele era? Apesar de ser apenas uma brincadeira, ainda assim eu jamais me atreveria a dizer algo assim, não que eu fosse um crente, mas também não sou ateu.

 

Ele apenas sorriu desconcertado, percebendo a besteira que havia falado: — É verdade, foi mal, mas eu gosto de lutar, principalmente contra quem eu considero forte.

 

Não sei se vejo isso como um elogio, mas no geral, Rhavi era alguém que estava sempre sorridente, diferente de alguns que conheço: — Obrigado pela consideração... Um dia iremos lutar, tenha certeza disso. — Apesar de tentar desviar do assunto, ele tocava na mesma pedra o tempo inteiro.

 

— Vamo lá bicho, só uns golpes, minhas mãos tão formigando, eu já lutei contra todos, até contra aquele maluco mudo, só falta você. — Ele realmente estava desesperado por uma luta comigo, seus olhos lacrimejavam, tsc parecia uma criança suplicando por algo.

 

Então eu o disse: — Tá, tá, a gente luta, podemos lutar agora se quiser.

 

— Sério?! Eba!

 

Realmente parecia uma criança, mas havia algo que estava me incomodando — Você falou em maluco mudo, de quem estava falando?

 

— Ah, é o cara de cabelo curto, o tal Sander, ele é esquisito pra caralho, enquanto a gente lutava, parecia que ele tava com o espírito no couro, os olhos dele tavam parecendo que iria me engolir, igual um bicho do mato, um monstro, sei lá. — Sua pronúncia ainda continuava um tanto estranha, mas era entendível o que ele queria dizer.

 

— Entendo... Quando lutei com ele também senti isso... Por sinal, quem venceu?

 

Ele me olhou com olhos mortos, enquanto suspirava frequentemente, bem, era visível que ele havia perdido a luta.

 

— Enfim cara, esqueci isso, vamo la pra fora e vamo lutar, to doido pra lutar contigo, meu sangue ta fervendo! — É, parece que a minha tentativa de subir para o Segundo Andar ficará para a próxima, talvez não seja tão ruim assim.

 

Antes de iniciarmos a nossa luta, Rhavi se dirigiu até a mim e disse em voz baixa: — Eu tenho uma técnica estranha cara. — Ele me disse enquanto olhava os arredores, parecia ser algum segredo: — Na verdade não é bem uma técnica, é uma Água Sagrada, mas isso ajuda demais, uma hora se der certo, eu vou trazer ela pra tu beber, ela aumenta a nossa força... Er pra sempre, ou... Pra vida, como é a palavra...

 

Vi que estava com dificuldades e completei: — Aumenta a força permanentemente.

 

— Isso! Isso mesmo, pra sempre! — Uma Água Sagrada que aumenta a força permanentemente? Que espécie de água é essa? Ao menos isso é possível?

 

— Água Sagrada... Como você conseguiu isso? — Ele olhou para os lados, parecia que havia se arrependido em tocar no assunto, então resolvi deixa para lá: — Não precisa dizer, deve ser segredo, vamos apenas...

 

De repente ele me interrompeu de forma abrupta, parecia que não era esse o caso.

 

— É um segredo de família. — Segredos de famílias sempre são coisas complicadas, revela-las pode trazer sérios problemas no futuro: — É um segredo de família, eu não sei como começou por que os adultos não falam pra gente, mas essa Água Sagrada é algo milagroso, aumenta a nossa força e a partir da hora que a gente bebe a velocidade de evolução aumenta.

 

Eu não faço a menor ideia de como isso aconteceu e o que levou essa água a ser tão especial assim, mas se algo assim for revelado... A família e todas as pessoas ao redor podem ser mortas, é exagero isso, mas a julgar por como meus irmãos sempre me alertavam, eu não duvido, então eu disse: — Revelar algo assim é um problema... Você costuma falar disso pra todo mundo?

 

— Não, não, não, só falei isso pra tu, ninguém mais sabe. — Entendi errado? Eu sou a primeira pessoa fora do seu círculo social a saber disso? Eu não sei dizer se isso é confiança excessiva ou simplesmente inocência, devo alerta-lo? — Urf, você deveria aprender a esconder essas coisas, se seus pais souberem você ta ferrado... E por que disse isso pra mim?

 

— Eu não faço a menor ideia, mas te achei confiável pra caramba, sem falar que, você é o único que fala comigo de forma amigável, os outros eu sinto como se me vissem como um incômodo ou algo do tipo, acho que é devido ao meu sotaque e as gírias, o povo pra cá fala muito perfeitinho, é esquisito, não consigo falar desse jeito, então basicamente estou meio que abandonado, sozinho.

 

Então era isso, eu não havia percebido..., mas acho que eu estava em uma situação parecida, na verdade só me toquei disso agora, os outros ''meus parentes'' eram distantes, o único quem ainda mantinha contato comigo era Red, mas o mesmo parecia ter se tornado distante depois dos Exames.

 

— ... Poxa... Obrigado pela consideração, acho que estou em uma situação parecida também. — Não pensei que isso me botaria pra baixo, acho que me enganei sobre o que eu disse a um momento atrás.

 

Rhavi me olhou e disse em seu tom alegre de sempre: — Que é isso cara, eu te considero até demais, apesar da gente se conhecer a pouco tempo, o que acha de sermos amigos de agora em diante?

 

— Amigos?... — Uma palavra forte, parando para pensar, eu também não possuo amigos, tenho contato com Red e Zya, mas é apenas de forma parental... Eu ri: — Ok então, somos amigos agora, e você é o primeiro amigo que faço... Deixa-me me apresentar apropriadamente para o meu amigo, me chamo Zefren, da Família Allifest!

 

— Hehehe, você também é o meu primeiro amigo, sinto até uma vontade de chorar agora, urg, deixa eu mi apresentar também, mi chamo Rhavi, da Família Xesper! E é um prazer ter um amigo como você! Toca aqui!

 

Quem diria que eu faria um amigo tão estranho assim que chegasse na Seita, e tem mais, nunca pensei que estivesse sozinho, bem, não mais agora.

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