No fim, a situação fora resolvida, contudo, tivemos que arcar com as consequências, fomos levados a júri, julgados e condenados a pagar pelos danos materiais bem como uma compensação aos donos das lojas que foram prejudicados na luta.
Obviamente não tínhamos dinheiro para pagar, e não havia formas condizentes de pagamentos, tivemos que prestar serviços por 1 mês, TODOS NÓS.
Isso obviamente com um certo "desconto" já que todos são discípulos da Seita Linha Divina.
— Hahahaha quem diria bicho, que nós ia trabalhar 1 mês de graça só vindo tentar vender ervas e couros hahahahahaha. — Parece que para Rhavi a ficha ainda não havia caído, ele estava até rindo da tamanha desgraça, o mesmo polia equipamentos.
— É pra trabalharem pirralhos desgraçados! — Gritou o velho da loja.
— Eu educadamente direi, estou com uma imensa vontade de amassar o semblante desse Senhor no chão. — Afirmava Berk, enquanto limpava o local com um pano molhado acompanhado de um balde com espumas.
— E a culpa nem foi nossa, tem hora que dá vontade de desaparecer do mundo. — Leon deixou cair uma lágrima enquanto entregava blocos de pedras.
— Eu nunca imaginei que enquanto estivesse na seita iria aprender a construir... É até legal. — Sério, acho que o pior de todos sem sombra de dúvidas é o Zefren, ele se comove facilmente, o mesmo pegava os blocos de pedra que Leon entregava e montava uma estrutura, o processo era muito lento e ainda havia uma massa que deveríamos botar entre os blocos, fazer a massa era o trabalho de Berk.
Depois de montar uma parede, apesar de um pouco desordenada, Zefren tentou o chamado "reboco", porém, ele não aprovou muito, já que quando arremessava a massa, a mesma caia, incrédulo, ele encarava a massa no chão.
— A massa ta horrível! Fez isso com a bunda desgraça?! Capricha nessa porra ai!! — Gritou o dono do estabelecimento, mas com toda a certeza, o pior trabalho ficou para o Berk, lidar com um pedreiro esquentado seria uma das piores experiência, já que a produção da massa era a parte mais importante.
— Compra aí pôh... Por um preço baixo, e ainda tem desconto... — Por outro lado, achei merecido, Red ficou com a parte de lidar com a venda, e ele mais do que nunca, estava perto do velho maldito, e sofria altos castigos, assim aprenderia a lidar com gente e a ser mais complacente.
— Olha o desconto... O desconto, o maldito desconto!!
— Fala direito praga ruim! Quer espantar os meus clientes?! Você vai passar 2 meses aqui se continuar assim!!
Enquanto isso...
— Eu sempre quis ter várias empregadas, agora por 1 mês meus negócios irão saltar!
Em outra loja, as meninas passavam pela mesma situação.
— Mas nem foi nossa culpa! Aqueles bandidos estavam tentando violentar a gente! — Gritava Mina, a mesma estava a todo vapor limpando pratos e caldeirões. Espumas subiam e cercavam toda a mesa que a louça estava, ela estava ficando paranoica com tanta espuma, sequer poderia enxergar os pratos direito. Um traço de lágrima se formou em seus olhos enquanto esfregava a louça furiosamente.
— E-Eu nunca mexi com coisas de cozinha, os empregados da casa é quem faziam isso. — Dizia Zya, enquanto tropeçava nos ingredientes, botava cebolas inteiras dentro do caldo, assim como fritava peixes sem tirar a tripa, o arroz não tinha sal e nenhum tipo de ingrediente, bem como a sua sopa aparentava ter algum tipo de bruxaria.
— Horrível, horrível! Precisam melhorar nisso, a louça está suja, a comida está horrível, vai matar meus clientes! Façam tudo de novo! Que tipo de mulheres vocês são? Eu na idade de vocês tocava o meu próprio restaurante, e já tinha filhos!
— F-F-F-Filhos?! Mas eu só tenho 18 anos! — Gritou Zya, perplexa com a afirmação da senhora dona do estabelecimento.
— 18? É mais velha do que aparenta, eu tive filhos com 16 anos!
— 16?! — Gritou Mina e Zya ao mesmo tempo.
Enquanto isso no balcão para atendimento...
— Eu deveria ter ficado na torre! — Gritou Aida, estava furiosa com tudo isso, tamanha humilhação deveria ser devolvida com morte, a mesma vestia uma roupa provocante, obviamente para Mira não era diferente.
— S-Senhor! Eu posso saber por que esse tipo de roupa?! Não tem vergonha de fazer isso? Sua esposa não fica incomodada de você nos tratar assim? — Perguntou Mira, assim como Aida, trajava uma roupa provocante e um tanto curta, o que as deixava profundamente irritadas.
— Minha esposa? Mas se é ela que manda aqui, ela é a dona do estabelecimento, e foi ela quem decidiu como seria o traje das moças que atendem os clientes, foi uma forma que ela viu de atrair mais clientes botando belas moças como atrativo, bom, pelos menos os homens né. — Respondeu o velho que ficava na administração.
— I-Isso é ridículo! Ridículo! Ridículo! Obsceno e depravado!! — Gritou Mira, ambas moças estavam vermelhas como morango, e infelizmente, o trabalho deveria ser cumprido.
— D-Deveriam botar as filhas de vocês pra fazerem isso. — Aida cochichou, obviamente ela fez de uma maneira que não pudesse ser ouvida.
...
— Bem, amanhã é o último dia de vocês aqui... Infelizmente. — Disse um velho homem.
— Infelizmente é o caralho! — Pois é né? — Red está extremamente feliz.
— Eu estava pensando, não gostaria de trabalhar para mim?
— Meu pau na sua mão. — Ah meu senhor, mil desculpas por não aceitar, tenho uma grande obrigação em retornar para a Seita, sabe né? Meus pais são senhores da Cidade de Lifor. — Isso! Joga ameaça pra esse fudido se tocar!
— É mesmo? Uma pena.
— Arh... Controle... Controle, só respirar fundo.
— Bem, então, como uma forma de dizer "adeus" vamos celebrar! Porém preciso que você faça algo pra mim. — O velho sorria felizmente, mal ele sabia o que se passava na cabeça de Red.
...
— Aí, aqui esse dinheiro. — Imita. — Compre as melhores comidas e vamos festejar, nhe nhe nhe, ah velho filho duma %$@#.
Red continuou o caminho pronunciando todo o tipo de crime verbal. Era possível escutar a essa distância.
— Ei! — Gritou Berk. — A massa!
Arh, e assim ficamos, o mês inteiro, construindo, limpando... Acho que já posso abrir meu próprio negócio de Construtor e Faz Tudo.
— Céus, eu vim pra cá cultivar e aprender técnicas... O que diabos estou fazendo aqui? — Questionou Leon, a essa altura ele já nem mesmo estava consciente, porém, ainda estava empenhado em mostrar ao mundo o que ele era capaz.
O mais incrível depois de tudo era Zefren, ele estava muito bom no "reboco" e não somente isso, o piso que fez sozinho recentemente é bem feito... Não sei se isso é pra se orgulhar, mas os Donos do Estabelecimento parabenizam pelo seu rápido aprendizado.
— Zefren está profissional no reboco, e as parede que ele faz, já dá pra levantar uma casa, e o piso também, um piso liso e plano como esse... Igual a careca daquele arrombado que nos botou nisso. — Afirmou Leon.
— Na verdade o culpado foi o Red. — Completou Berk.
— É mesmo né?... Se não fosse por ele eu não teria passado por isso.
— Pelo menos aprendeu a fazer massa.
— Isso não é motivo pra se orgulhar caralho!
Em geral, isso serviu para que eu pudesse aprender, abrir os olhos para a realidade, não devo ficar preso somente em questões triviais como rivalidade, há coisas muito mais problemáticas para se preocupar... Sem falar que, nesse último mês estou me dando bem com Zefren, não irei falar, mas espero que as desavenças e rancores fiquem no passado.
— Ei Asgn, você tá meio perdido né? — Questionou Zefren.
— Ah... Ultimamente estou pensando em muitas coisas... Eu agradeço Zefren...
— Hã? Pelo que?
— Por tudo, por ter salvado Zya, abrir os meus olhos.
Zefren não se pronunciou, mas ele devolveu com um sorriso.
Estamos na seita somente a alguns meses, mas já sinto que fiquei procrastinando por um ano completo, é preocupante quando eles dizem que não se importam que Discípulos Externos sofram penalizações e permaneçam fora por dias e meses, isso só prova o quão difícil será se manter na seita.
Não devemos duvidar que possamos voltar de mãos abanando para casa, a seita é o melhor lugar para se fortalecer, não há outro igual.
1 mês, espero que isso não reflita em pontos negativos.
— Pensando bem... Red já viu como a Mira está? — Perguntou Berk.
— Por que a pergunta? — Indagou Leon.
— Bem, é que os dois ali. — Aponta para mim e Rhavi. — Faltaram um milímetro pra estender a nossa sentença na semana que passou, lembra? E agora o velho mandou Red ir até lá.
— Hã?... Não... E-Ei! — Percebendo o grande caos que poderia ser destravado, rapidamente nos dirigimos às pressas para o estabelecimento que as garotas estavam.
...
— É aqui que a Mira está trabalhando? É bem chique, diferente daquele chiqueiro que eu to.
Red perambulou pelo local até se deparar com uma das atendentes, Aida.
— Aida?! Que caralhos é isso?! Por que ta vestida assim?! Espera v-vocês ainda estão nesse merda de atrativo?!
Aida tentou disfarçar, mas foi em vão, era vergonhoso, mas ela não poderia tornar tudo aquilo ainda mais vergonhoso do que já estava e explicou a situação.
— Tem certeza que é ela que manda fazer isso? Ta me cheirando mal isso aí, e se for esse velho um tarado sem vergonha?
— N-Não, é definitivamente ela quem manda, posso afirmar depois que vi muitas coisas aqui.
— Ah sim... Ei, a Mira não ta nessa, não né? — Era o que Aida temia, na verdade, o caos só estava em espera, e possivelmente eles deveriam trabalhar por mais 1 mês, ou dependendo, quem sabe uma forca.
