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Chapter 10 - A Espírito no Campo de Flores

Ao empurrar a porta de madeira escura, Fang Yan sentiu uma onda de sensações invadir seus sentidos: um prazer sutil, agradável e inesperado, misturado com o aroma doce e intenso de flores.

Ele cruzou o limiar e o vazio branco foi substituído por uma visão espetacular. À sua frente se estendia um campo vasto e imenso, um mar de flores de todas as cores imagináveis, tão vibrante e detalhado que parecia ter sido pintado por um artista celestial. A beleza era hipnotizante.

Se fosse para ficar preso, pensou Fang Yan, a diversão seca brilhando em seus olhos, espero que seja neste espaço.

Ele começou a caminhar, absorvendo a nova realidade. Enquanto avançava, notou uma mudança sutil em seu próprio corpo. Seus cabelos, que haviam crescido e caído no espaço branco anterior, agora pareciam ter estabilizado seu comprimento: estavam visivelmente mais longos, chegando mais perto de sua cintura.

Ele tocou a trança que descia pelas suas costas. Estava lá, intacta, e um pouco mais grossa, resultado do aumento da quantidade de cabelo. Ele nunca havia desfeito a trança, pois era o último gesto de carinho de seu avô, feito para ele desde que tinha seis anos.

Enquanto a beleza o cercava, ele viu uma figura no centro do campo, a mesma mulher que havia adornado as páginas do Registro da Técnica do Espírito Fantasma.

Ela estava parada, majestosa. Fang Yan observou seu vestido vermelho, o decote revelador na lateral e a abertura audaciosa na parte de baixo, subindo até a coxa.

Ousado. Muito ousado, diria...

Nenhum vestígio de pudor ou vergonha na vestimenta.

Ele a avaliou de longe, mas foi então que ela percebeu sua presença. A mulher se virou. O vento no campo de flores agitava seus cabelos pretos longos, fazendo-os dançar ao redor de seu corpo. Fang Yan notou imediatamente os olhos dela: de um vermelho intenso e penetrante.

Vento... como pode haver vento dentro de um livro?

A questão era lógica, mas a presença dela era a anomalia maior. Ela sorriu para o jovem que nunca tinha visto. Não era um sorriso doce, mas um sorriso de superioridade e poder.

No instante seguinte, antes que Fang Yan pudesse reagir, ela desapareceu de onde estava e apareceu diretamente à sua frente.

A velocidade era assustadora.

Ela o segurou pelo pescoço com uma força surpreendente, erguendo-o do chão sem esforço.

"O que você quer aqui?"

a voz dela era melodiosa, mas carregada de autoridade fria.

O ar foi cortado, mas Fang Yan não lutou. Ele usou a proximidade forçada para analisá-la.

Ele notou a força descomunal. Seus dentes eram, em sua maioria, humanos, mas havia uma diferença pequena e crucial nos caninos: eram ligeiramente pontiagudos, quase imperceptíveis se não estivessem tão próximos.

Ela come carne humana? Ou ela bebe sangue? Uma das duas opções.

O raciocínio de Fang Yan correu rápido, ligando a força, a beleza irreal, a presença em um espaço isolado e o contexto do livro.

A única conclusão possível veio com uma clareza fria:

É um Espírito.

Apesar de estar sufocando, Fang Yan manteve o contato visual, sem medo ou pânico. Ele estava diante de um dos seres mais fortes e raros do Murim, mas ele estava mais fascinado do que aterrorizado.

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