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Chapter 3 - Capítulo 3 – “Qualificações e Corações Quebrados”

O silêncio dentro da sala de Kang Jihan era pesado. Só se ouvia o som de duas risadinhas fofas — os gêmeos, empolgadíssimos, mexendo nos botões da poltrona giratória do CEO como se aquilo fosse um parquinho particular.

Aerin estava congelado. Ele olhava para Jihan, depois para os bebês, e depois de volta para o homem que parecia ter saído direto de um drama coreano de luxo: terno impecável, cabelo perfeito, expressão fria e uma aura que gritava "poder". Mas o que mais chocava Aerin era…

— V-você… é o pai dos meninos?! — ele perguntou em choque, dando um passo pra trás. — E-eu encontrei eles no corredor… sozinhos! E… você… você é o cara que caiu em cima de mim hoje cedo!

Kang Jihan levantou uma sobrancelha, impaciente.

— Sim. Eu sou o "cara" que caiu no chão. Por sua culpa, aliás. Você veio aqui atrás daquela entrevista, não foi?

— É… eu… sim, senhor. — Aerin engoliu seco, ainda nervoso. — Mas… espera. Você é o CEO? Tipo… o dono dessa empresa?

Jihan cruzou os braços, encarando Aerin de cima a baixo.

— Exato. Kang Jihan. CEO da KangCorp.

Aerin quase deixou a alma sair pela boca.

Ele caiu em cima do CEO.

O homem mais poderoso daquele lugar.

E agora… os filhos dele estavam chamando Aerin de "papi".

"Eu vou ser preso", pensou. "Cancelado. Deportado. Deletado da vida."

Mas Jihan não parecia bravo. Na verdade, parecia… analisando.

— Escuta, garoto — ele começou, com aquele tom direto e sem paciência. — Me diz uma coisa. Você trouxe currículo?

— Sim, senhor! — Aerin abriu a mochila e tirou a folha amassada. — Aqui!

Jihan pegou o papel com dois dedos, como se estivesse lidando com algo contaminado. Leu rapidamente. Franziu o cenho. Suspirou.

— Ensino médio completo… só. — disse ele, direto. — Nenhuma faculdade. Nenhum curso técnico. Nenhuma experiência de estágio. Nenhuma segunda língua. Nenhum diferencial.

Aerin ficou em silêncio, segurando a respiração.

— Sabe o que isso significa? — Jihan perguntou, ainda frio.

— Que… que eu não sou qualificado pra vaga…? — Aerin respondeu, já sentindo o coração afundar.

Jihan soltou um leve "hn".

— Você precisa, no mínimo, do ensino médio completo — ele ergueu o papel — mas isso aqui não é o suficiente pra uma empresa do nosso nível. Segundo: cadê seu diploma de curso superior? Terceiro: alguma experiência? Estágio? Certificado? Curso online, pelo menos?

Aerin abaixou os olhos. Sentiu os gêmeos pararem de rir e olharem pra ele, como se sentissem sua vergonha.

— Eu… eu só queria uma chance — murmurou. — Não tenho faculdade porque eu tive que trabalhar pra ajudar em casa… Eu cuidei dos meus irmãos pequenos. Vendi coisas na rua, fiz entrega, trabalhei de noite e estudei de manhã… Fiz o que pude. Mas… nunca me deram uma chance de provar que eu consigo.

Jihan olhou pra ele em silêncio por alguns segundos. Os gêmeos o encaravam também. Um deles bocejou e se enroscou no casaco de Aerin, como se procurasse conforto.

Aerin nem sabia o que fazer. Ele queria sumir. Queria correr. Mas as mãozinhas pequenas agarradas na manga dele… o impediram de ir.

— Eu… desculpa se atrapalhei. Eu não queria incomodar ninguém. Só achei esses dois no corredor e… sei lá, eles… me chamaram de pai. Eu só queria devolver eles e ir embora.

Jihan largou o currículo sobre a mesa, pegou um lenço e limpou a bochecha de um dos gêmeos, que estava babando de tanto rir.

— Você é bom com crianças? — ele perguntou, de repente.

— O quê?

— Perguntei se você é bom com crianças.

Aerin olhou pros dois menininhos no colo do CEO, que agora estavam sorrindo pra ele como se fossem amigos há anos. Um deles até tentou fazer coraçãozinho com os dedinhos.

— Eu… eu cresci cuidando dos meus irmãos. Então… acho que sim. — Aerin respondeu, ainda confuso.

Jihan respirou fundo. O olhar dele estava mais suave agora, mas ainda carregado de mistério.

— Não posso te dar o cargo que você queria. — ele disse, levantando. — Mas talvez… eu tenha outra proposta.

Aerin piscou, confuso.

— Proposta?

Jihan foi até a janela, olhando para o skyline da cidade, antes de virar lentamente com um olhar sério e direto:

— Preciso de alguém que seja bom com crianças. Alguém que possa... fingir algo por mim. Os gêmeos estão em uma fase complicada. A mídia está de olho. E… não posso ter escândalos agora.

Aerin sentiu o estômago virar.

— E-eu não entendi…

— Eu tô te oferecendo um trabalho, Aerin.

Ele andou devagar até o garoto, parando a poucos centímetros dele.

— Um contrato de casamento falso. Você será meu "cônjuge" por tempo determinado, vai morar comigo, vai cuidar dos gêmeos, e manter as aparências de uma família perfeita… até a mídia parar de encher o saco.

Aerin quase caiu de costas.

— C-casamento…?

— Falso. Tudo contrato. Com cláusulas, regras, e salário.

— Q-quanto?

Jihan abriu um sorriso quase diabólico.

— O suficiente pra mudar sua vida.

Os gêmeos gritaram animados:

— PAPI!!

— Appa, casa com ele!

Aerin segurou o grito.

E o contrato… estava prestes a ser escrito.

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