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Chapter 2 - Capítulo 2 – “Pai por Acidente”

No dia seguinte, o prédio da KangCorp brilhava sob o céu cinzento, refletindo a pressa e o caos da cidade lá fora. O interior seguia a mesma vibe: frio, silencioso, organizado. Cada funcionário sabia exatamente onde pisar, o que falar, e como não respirar alto demais na presença do CEO, Kang Jihan.

Ele andava sério como sempre, a pasta preta em uma mão e o celular na outra. Mas sua mente ainda voltava, sem permissão, àquele momento do dia anterior. Aqueles olhos, aquele cabelo bagunçado, o jeito atrevido do garoto jogado no chão...

Aquele tal de Aerin.

— Senhor Aerin — Jihan murmurou, lembrando da cena. — Por que estava correndo?

A pergunta escapou de seus lábios, mesmo que ninguém estivesse ali para responder.

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Na verdade, Aerin estava correndo, sim. No chão, ainda meio atordoado, ele tinha recolhido o currículo, a mochila… e os óculos tortos.

— Eu tô atrasado pra uma entrevista de emprego… me desculpa mesmo! — ele disse, abaixando a cabeça, todo sem graça. — Aqui, meu número. Se o senhor precisar de ajuda com qualquer coisa... ou se quiser que eu pague a lavanderia... Sua roupa deve ser cara... E- eu... eu posso lavar depois... de verdade...

Ele estendeu um papel com o número anotado com caneta azul. As mãos tremiam, e o rosto dele estava tão vermelho que parecia que ia explodir.

Kang Jihan apenas ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Hm.

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Algumas horas depois...

Aerin correu como um desesperado até o saguão da KangCorp de novo. Respirando fundo, suando e com o coração disparado, ele chegou atrasado, mas ainda com esperança.

— Estou aqui pra entrevista da vaga de assistente administrativo!

A recepcionista digitou algo no computador e então soltou, com frieza:

— Desculpa, a vaga foi preenchida. O horário já passou. Alguém foi aceito no seu lugar.

— O quê?! — ele se aproximou mais do balcão. — Senhora, por favor… por favor! Me deixa falar com o seu patrão. É sério. Só um minutinho. Eu não vim até aqui à toa!

A mulher hesitou, olhando pros lados, depois suspirou.

— Tá… sobe o elevador até o último andar. Quando sair, vira à esquerda, depois direita, e lá no fim do corredor tem o escritório dele.

— M-muito obrigado!

Ele saiu correndo. Entrou no elevador, apertou o botão com a mão tremendo. Assim que chegou, foi virando os corredores como indicado… mas se perdeu.

Foi quando viu duas criaturinhas pequenas, fofas, paradas no meio do corredor. Os gêmeos, com mochilinhas nas costas e expressão confusa, olhavam ao redor. Um deles chupava o dedo, o outro batia palminhas no ar.

— Oi? — Aerin se aproximou. — O que vocês tão fazendo aqui sozinhos? Cadê os pais de vocês?

O primeiro bebê arregalou os olhos e disse:

— Appa...?

O segundo deu um pulo de alegria, gritando:

— PAPI! — com a voz enroladinha, correndo até ele e abraçando a perna de Aerin com força.

— E-ei! Espera! Eu não sou... eu não sou o pai de vocês! — Aerin ficou desesperado, com os braços erguidos. — Olha, eu sou só um... um candidato a emprego, não sei nem cuidar de mim direito!

— Papi é bonito — falou um dos gêmeos, com os olhos brilhando.

— O quê?! Ai, meu Deus... vocês se perderam? Vocês sabem onde é o escritório do seu pai?

Os dois assentiram, sorrindo, e pegaram nas mãos de Aerin. Pequenas, fofas, quentinhas.

— É aqui! — falaram juntos, com dificuldade, apontando o final do corredor e batendo palminhas, felizes.

Aerin engoliu seco. Os gêmeos puxaram ele com força até uma porta enorme e imponente. Ele nem sabia se era permitido, mas estava sem reação. Parado ali, com dois bebês o chamando de "papi", e prestes a invadir o escritório do CEO.

— Espera aqui, tá bom? Eu vou tentar ajudar vocês a encontrar a mamãe, beleza?

Mas os gêmeos ignoraram.

Um deles gritou animado:

— Appa!!

E empurrou a porta com força.

A porta se abriu com um estrondo… revelando Kang Jihan, de pé, olhando pro tablet com relatórios e uma expressão de puro tédio — que sumiu instantaneamente quando ele viu Aerin parado na entrada…

…com dois gêmeos pendurados na perna dele, sorrindo como se tivessem reencontrado o amor da vida deles.

— O que... — Jihan começou.

O bebê gritou de novo:

— Appa!! Ele é meu papi também!! — batendo palminha com alegria e correndo até a cadeira de couro do CEO.

Jihan piscou, confuso.

Aerin arregalou os olhos.

— N-não é o que parece! Eu só... eu achei eles no corredor! Eu juro que eu tava procurando seu escritório! Eu só queria uma entrevista!!!

Silêncio total.

Os dois gêmeos escalam a poltrona, sentam-se no colo de Jihan, abraçam ele e apontam pra Aerin:

— Appa… traz papi pra casa!!

A expressão no rosto de Jihan era indescritível.

Aerin queria afundar no chão.

E o universo? Tava rindo muito.

E o destino… só tava começando a brincar.

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