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Chapter 58 - A Tristeza da Pequena Baía

Quem falou foi Tazuna Surukawa. O plano dela para o dia era acompanhar Kitahara e as outras em um tour pelo campus. Agora que o passeio havia se transformado em uma corrida amistosa, ela naturalmente permaneceu com eles, observando tudo em silêncio e com um sorriso.

— "Ah… tem um problema, estou preocupada…"

Kitahara se sobressaltou, quase deixando escapar que Super Creek poderia estar lesionada.

Ele se lembrou que, na obra original, Tazuna Surukawa costumava perder a compostura ao saber que uma Uma Musume estava machucada, então instintivamente mudou suas palavras:

— "Estou preocupado que ela talvez não se adapte bem ao estilo de treino da Oguri Cap e das outras, então quero fazer alguns ajustes especiais."

— "Você sabe que ela ainda não tem Treinador, então precisamos manter o profissionalismo."

Isso não era mentira. Seja pela falta de treinamento especializado ou por uma possível lesão, Super Creek não estava pronta para os métodos de treino de Oguri Cap e Tamamo Cross.

Quanto ao pé de Super Creek, ainda não havia confirmação de problema, então era melhor ser cauteloso para não preocupar Tazuna Surukawa desnecessariamente.

— "Entendi…"

Tazuna assentiu levemente, com um sorriso aliviado.

— "O Sr. Kitahara é um Treinador cuidadoso."

— "A maioria dos Treinadores perceberia essas coisas."

Kitahara respondeu com humildade e, sem perder tempo, sinalizou para que Tazuna Surukawa supervisionasse o treino e New Light ficasse encarregada das anotações, enquanto ele levava Super Creek para um canto mais tranquilo.

— "Seu pé direito está inflamado, não está?"

Sob uma grande árvore ao lado da pista, com o tronco bloqueando a visão de Tazuna e das outras, Kitahara perguntou diretamente à confusa Super Creek, sem hesitação.

— "Sr. Kitahara, como você…!"

Embora tenha coberto a boca com as mãos no meio da exclamação, a frase interrompida de Super Creek já revelava a verdade.

Kitahara suspirou por dentro, já sabendo que era verdade. Esfregou a testa e perguntou:

— "Se seu pé está machucado, por que não contou ao médico da escola, à líder do dormitório ou às suas colegas de quarto?"

Super Creek abaixou lentamente a cabeça e permaneceu em silêncio.

Vendo isso, a voz de Kitahara suavizou involuntariamente:

— "Parece que você não contou a ninguém. Que tal contar pra mim, então?"

— "Mesmo que ainda não tenhamos assinado um contrato oficial, não acho que você se incomodaria se eu me tornasse seu Treinador responsável, certo?"

— "Então… tem algo te incomodando que você queira me contar?" — disse ele, com um tom cada vez mais gentil.

Após uma longa pausa…

— "Eu… eu não quero incomodar ninguém, principalmente… não quero preocupar meus pais."

Sua voz saiu extremamente seca.

Depois de dizer isso, ela ficou em silêncio mais uma vez.

— "Na verdade, foi uma sorte eu ter conseguido entrar na Central."

— "Quando eu era pequena, meu pé esquerdo tinha problemas, e meus pais se esforçaram muito para me ajudar a me recuperar…"

— "Por causa disso, eles procuraram várias Academias Tracen, mas nenhuma quis me aceitar…"

— "Não sei como conseguiram, talvez… tenham escondido meu histórico médico da escola…"

— "De qualquer forma, eu entrei na Central."

— "Eu… eu não posso deixar meus pais tristes, e não posso fazer os outros se preocuparem comigo…"

— "Desculpa, Sr. Kitahara, eu… menti…"

Kitahara ouviu pacientemente o relato de Super Creek e, após uma pausa, perguntou instintivamente:

— "Mentiu? Que mentira?"

Duas linhas de lágrimas cristalinas escorreram lentamente de seus olhos límpidos. Ela parecia nem perceber, ainda com um sorriso gentil nos lábios.

— "Eu… eu não tenho nenhum hábito estranho ao correr."

— "Eu estava com medo de que descobrissem a inflamação no meu pé direito, então não me esforçava. Minhas passadas eram leves, eu sei… eu sei de tudo…"

— "Mas eu já perdi muito treino e perdi minha corrida de estreia por causa de doença. Estou na Central Tresen há mais de um ano, e a maior parte do tempo estive doente. Minhas colegas da mesma turma já estrearam faz tempo, e eu ainda estou doente. Eu, eu…"

— "Tenho medo de que, se contar que estou com inflamação de novo, vão me internar outra vez, e eu vou perder mais treinos, perder minha estreia…"

— "Já faz tempo demais, tempo demais. Eu… estou na Academia há mais de um ano! Se eu ainda não conseguir nada…"

Ela mordeu o lábio com força, e as lágrimas escorreram por suas bochechas delicadas como uma represa rompida.

— "Talvez… talvez eu não consiga continuar na Central, talvez nem tenha pra onde ir…"

— "Eu… eu não posso deixar meus pais tristes, e além disso…"

— "Eu realmente quero correr na pista, livre, como as outras Uma Musume…!"

De repente, ela se curvou, apertando a gola da camisa com as duas mãos, a cabeça baixa, soltando um choro como o de uma jovem fera ferida.

Kitahara se sentiu culpado.

Ele fez Super Creek chorar.

Mesmo que não tenha sido intencional, tocar no assunto da lesão foi proposital.

Ainda assim, ele se sentia culpado.

Por um momento, não sabia como confortá-la. Super Creek parecia ter reprimido seus sentimentos por muito tempo. Quando começou a chorar e desabafar, não conseguiu parar, atraindo até Oguri Cap e as outras.

Felizmente, embora estivessem surpresas e preocupadas com o estado emocional de Super Creek, elas confiavam muito em Kitahara.

Depois de perguntarem e ouvirem sua resposta honesta — "Foi culpa minha" — nenhuma delas o culpou. Todas demonstraram uma atitude de "Deixamos com você. Se não conseguir lidar, chame a gente."

No entanto, no fim, Kitahara nem precisou descobrir como consolar Super Creek — ela parou de chorar por conta própria.

— "Você deve estar rindo de mim, Sr. Kitahara…"

Sua voz estava rouca enquanto limpava os olhos vermelhos, com o tom carregado de emoção nasal.

— "Se possível, Sr. Kitahara… poderia me ajudar a manter em segredo a condição do meu pé direito? E também os problemas antigos do pé esquerdo…"

A preocupação superou a culpa, e Kitahara franziu a testa sem hesitar:

— "Você pretende continuar escondendo isso?"

— "…O que mais eu posso fazer?"

Super Creek sorriu amargamente:

— "Se eu contar ao médico da escola, vão me internar de novo, mas como acabei de dizer, estou parada na Academia há mais de um ano. Se eu ficar mais tempo…"

Kitahara a interrompeu, um pouco fora do seu estilo:

— "E sua estreia? Você sabe muito bem que, com seu pé direito nesse estado, é impossível vencer qualquer corrida."

— "E," — ele franziu a testa — "há quanto tempo isso está acontecendo? Quero dizer, a inflamação no seu pé."

— "Cerca de… uma ou duas semanas? Não tenho certeza, porque não dói muito, só incomoda um pouco, então achei que era só aguentar que ia passar…"

Ela respondeu em voz baixa, depois acrescentou, meio aflita:

— "Na verdade, eu até comprei alguns remédios por conta própria, tentei me tratar…"

Kitahara fingiu não ouvir essa última frase.

Se fosse algo que pudesse ser resolvido com automedicação, não teria durado uma ou duas semanas.

A única coisa boa era que o tempo ainda não era longo demais, e Super Creek só apresentava problemas na corrida — ainda não havia piorado a ponto de impedi-la de correr.

— "Parece que há uma razão pela qual os outros Treinadores não te escolheram."

Apontando o problema de Super Creek sem rodeios, Kitahara falou com seriedade:

— "Se você costuma treinar sentindo dor, sua passada deve estar comprometida."

— "Os Treinadores da Central são todos elites, não tem como não perceberem algo errado na sua corrida."

— "Então você precisa lembrar disso: aconteça o que acontecer no futuro, conte imediatamente ao seu Treinador, entendeu?"

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