O céu da Grand Line estava cinzento, pesado, como se o próprio mundo estivesse prendendo a respiração. As ondas batiam com força contra o casco do Xeeksot, mas o navio não tremia. Ele avançava como um colosso, ignorando o mar, ignorando o vento.
O Xeeksot não era apenas um navio. Era uma fortaleza viva. Com três conveses blindados, torres de vigia, velas vermelhas como sangue e um mastro central que se erguia como uma lança contra o céu, ele parecia mais uma cidade flutuante do que uma embarcação. O brasão de Kaien — um punho esmagando o mundo — tremulava no topo, visível a quilômetros.
Canhões giratórios, escudos de aço do fundo do mar, compartimentos ocultos e uma quilha reforçada com ossos de reis do mar. Cada parte do Xeeksot contava uma história de guerra.
No convés, Kaien observava a ilha à frente: Green Bit.
Kaien estava diferente. Desde o último combate, algo havia mudado.
Ele havia passado dias em meditação profunda, deitado sobre o convés, sentindo o ritmo do mundo sob o casco do navio. E agora, ele não apenas ouvia o pulso — ele o comandava.
"Pulso Pulsante do Mundo… não é só uma batida. É uma sinfonia", murmurou Kaien.
Ele havia aprendido a fundir múltiplas ondas de pressão em um único movimento. Sete ondas. Sete pulsares simultâneos. Cada uma vibrando em uma frequência diferente, cada uma capaz de esmagar matéria, distorcer espaço, desestabilizar Haki.
"Sete ondas fundidas… ainda não é o limite. Mas é o suficiente para esmagar o que está por vir."
Kaien apertou o cabo do Solar Axe. O machado parecia mais leve em suas mãos, como se o mundo estivesse se curvando à sua vontade.
Green Bit não era uma ilha comum. Coberta por uma floresta viva, com raízes que se moviam como serpentes e árvores que sussurravam em línguas esquecidas, ela parecia pulsar com uma energia própria.
Mas havia algo mais. Algo oculto.
Kaien sentia. O pulso da ilha estava distorcido. Como se alguém estivesse tentando impor um ritmo falso sobre ela.
"Doflamingo está aqui", disse Kaien, sem virar o rosto.
Law se aproximou, os olhos frios. "Ele transformou Green Bit em um campo de guerra. Há fios por toda parte. Invisíveis. Cortantes."
Kaien não respondeu. Ele não cortava. Ele esmagava.
No coração da ilha, em uma clareira protegida por fios invisíveis, Donquixote Doflamingo observava o mar com um sorriso torto.
"Então o Xeeksot chegou…"
Ele estava em Green Bit há dias, preparando o terreno. Fios conectavam árvores, pedras, até o próprio solo. Soldados manipulados estavam posicionados em pontos estratégicos. E seus oficiais — Trebol, Diamante, Pica — aguardavam em silêncio.
"Kaien… o homem que esmaga o mundo. Trafalgar Law… o cirurgião que quer cortar meu coração. Que dupla interessante."
Doflamingo ergueu a mão. Fios invisíveis vibraram no ar.
"Vamos ver se eles conseguem dançar quando o chão se rompe."
O Xeeksot ancorou próximo à costa rochosa. Kaien foi o primeiro a pisar na ilha. O solo tremeu.
"O ritmo está errado. Alguém está tentando impor um pulso falso. Mas o mundo não dança para ninguém."
Ele fechou os olhos. Sete ondas pulsaram ao mesmo tempo. O chão vibrou. As árvores se curvaram. Os fios invisíveis se esticaram, como se tivessem sentido medo.
Kaien abriu os olhos.
"Vamos esmagar essa ilha até que ela volte a respirar."
A tripulação desembarcou em silêncio. Cada um deles agora dominava os dois tipos de Haki. Cada um sentia o peso do momento.
Kaien olhou para Law.
"Você quer vingança. Eu quero peso. Vamos dar ao mundo os dois."
Law assentiu.
"Doflamingo não vai fugir. E se ele tentar… eu corto o caminho."
Kaien sorriu de canto.
"E eu esmago o fim."
Green Bit pulsava. Mas agora, havia dois ritmos em conflito. O falso pulso de Doflamingo. E o verdadeiro pulso do mundo, guiado por Kaien.
A floresta se preparava para sangrar. Os fios se esticavam. Os soldados se posicionavam. E o Xeeksot avançava.
O arco de Green Bit havia começado. E não terminaria com cortes. Mas com o mundo sendo esmagado.
