A floresta de Green Bit se fechava como uma mandíbula viva. As árvores se entrelaçavam, os galhos se curvavam, e o chão pulsava com um ritmo estranho — um compasso falso, imposto por fios invisíveis que vibravam como cordas de um instrumento macabro.
O Xeeksot, ancorado à beira da ilha, parecia uma muralha flutuante. Seu casco negro, cravejado de placas de aço e adornado com velas vermelhas, reluzia sob o céu nublado. O brasão de Kaien — um punho esmagando o mundo — tremulava no alto do mastro, como um aviso ao céu.
No convés, Kaien sentia o pulso da ilha. "Ele está tentando impor um ritmo falso. Mas o mundo não dança para ninguém."
Com um gesto, ele dividiu a tripulação. "Cada um de vocês vai esmagar uma parte dessa sinfonia. Não deixem nenhuma nota viva."
A trilha norte era um corredor de névoa e raízes. Lyra caminhava com passos leves, o rifle apoiado nas costas, os olhos fechados. Seu Haki de Observação se expandia como uma teia invisível.
"Três presenças. Dois nos galhos. Um no chão. Todos manipulados. Mas previsíveis."
Ela se agachou atrás de uma raiz e retirou o rifle. O primeiro disparo foi silencioso. A bala atravessou o crânio do soldado no chão antes que ele pudesse erguer a arma. Os dois nos galhos saltaram ao mesmo tempo, mas Lyra já havia previsto.
"Bala Guiada."
As balas ricochetearam em troncos e pedras antes de atingir os alvos em pleno ar. Os corpos caíram como marionetes sem cordas.
Mas então, o verdadeiro inimigo surgiu.
Um homem alto, envolto em fios dourados, com olhos vazios e um sorriso costurado. "Você vê o futuro, garota. Mas consegue mirar no invisível?"
Ele se dissolveu em fios, espalhando-se pela floresta. Lyra rolou para trás, disparando em todas as direções, mas os fios se moviam como serpentes.
Ela fechou os olhos. "Não preciso ver. Preciso sentir."
Seu Haki se expandiu. Ela sentiu o peso dos fios, a tensão no ar, o ritmo da vibração. E então, ela disparou.
"Rajada Fantasma."
Cinco tiros em sequência. Cada um atingiu um ponto de convergência dos fios. O inimigo gritou, se reconstituindo em forma humana, mas já estava ferido demais para lutar.
Lyra se aproximou, o rifle ainda quente. "Você não tem forma. Mas eu tenho mira."
Ela disparou a última bala entre os olhos dele.
Mas a floresta não se calou. Outras presenças se aproximavam. Mais rápidas. Mais silenciosas. Lyra recarregou. "A primeira nota caiu. Mas a sinfonia ainda está tocando."
A trilha leste era um labirinto de pedras e raízes. Killer avançava em silêncio, as lâminas girando em suas mãos. Ele não precisava falar. Seu Haki de Observação captava cada vibração, cada respiração.
Três soldados surgiram à sua frente, armados com espadas finas e movimentos sincronizados. Eles atacaram em uníssono, mas Killer desapareceu com o Soru.
Ele reapareceu atrás do primeiro, cortando-o em diagonal. O segundo girou para atacar, mas Killer já estava acima dele, descendo com um golpe vertical.
O terceiro tentou fugir, mas Killer lançou uma lâmina giratória que cortou o ar e o atingiu na nuca.
Mas então, o verdadeiro desafio apareceu.
Um guerreiro encapuzado, com lâminas de fios em cada mão, surgiu das pedras. "Você é rápido. Mas eu sou o fio entre os segundos."
Killer ativou seu Haki de Armamento, cobrindo as lâminas com energia negra. "Você é o fio. Eu sou o corte."
Eles lutaram por minutos, cada golpe mais rápido que o anterior. Killer usava o Soru para desaparecer e reaparecer em ângulos impossíveis. O inimigo tentava prever, mas não conseguia acompanhar.
Por fim, Killer girou as lâminas em um movimento circular, criando uma tempestade de cortes.
"Dança Sangrenta."
O inimigo foi atingido dezenas de vezes em segundos. Caiu de joelhos, os fios se desfazendo.
Killer limpou as lâminas e seguiu em silêncio. Mas uma sombra se movia entre as pedras. Mais rápida. Mais afiada. A luta estava longe de terminar.
Acima da floresta, Seraphine voava com o Geppo, as asas etéreas pulsando com energia dourada. Mas agora, algo mais brilhava em seu corpo. Escamas douradas cobriam seus braços, e suas mãos haviam se transformado em garras reluzentes.
A Gauna Dourada havia despertado.
Ela não era apenas uma criatura do vento. Era uma besta mítica. Uma ave lendária que, segundo a mitologia, devorava dragões. E agora, ela voava com fúria.
Três inimigos surgiram do alto das árvores, lançando fios como redes. Seraphine girou no ar, criando um redemoinho que os desestabilizou.
"Corte Celestial."
Uma lâmina de vento cortou os três ao meio. Mas então, o céu escureceu.
Um inimigo flutuava acima dela, envolto em fios que se moviam como asas. "Você voa com o vento. Eu voo com o destino."
Seraphine sorriu. "O vento é o destino. E hoje, ele sopra contra você."
Eles se enfrentaram no ar, em uma dança de correntes e cortes. O inimigo lançava fios que se multiplicavam, tentando prender Seraphine. Mas ela voava em espiral, cortando os fios com rajadas precisas.
Então ela mergulhou.
As asas se recolheram. As garras se estenderam. O corpo brilhou em dourado.
"Investida da Gauna."
Ela atravessou o inimigo como uma lança viva, esmagando-o contra o solo com uma força que rachou a floresta. O impacto criou uma cratera, e os fios se desfizeram como poeira.
Seraphine pousou, as asas se abrindo novamente.
"Dragões caem. E você não era nem um lagarto."
Mas o céu ainda rugia. Outros inimigos se aproximavam. A verdadeira dança estava apenas começando.
No oeste da ilha, o chão era coberto por placas de ferro enterradas. Kid sorriu ao sentir o metal sob seus pés.
"Vocês cavaram a própria cova."
Soldados manipulados surgiram de todos os lados, armados com lanças e fios. Mas Kid ergueu os braços, e o chão explodiu em estilhaços metálicos.
"Punk Arsenal."
Ele formou braços gigantescos, martelos, lâminas, correntes. Cada golpe era uma explosão. Cada passo, um terremoto.
Mas então, um inimigo diferente apareceu. Um homem coberto por uma armadura de fios negros, com olhos vermelhos e uma voz metálica.
"Você é o caos. Eu sou a ordem do fio."
Kid riu.
"Você é só mais um brinquedo pra esmagar."
O inimigo avançou com velocidade absurda, cortando o ar com fios afiados. Kid foi atingido no ombro, mas não recuou. Ele absorveu o impacto, puxando o metal da floresta para reforçar seu corpo.
"Punk Titan."
Ele se transformou em um colosso de ferro, com múltiplos braços e olhos brilhando de raiva. A luta foi brutal. O chão tremeu. Árvores foram arrancadas. O céu escureceu.
Por fim, Kid esmagou o inimigo com um golpe vertical.
"Você queria ordem? Aqui está: esmagado, dobrado e enterrado."
Mas o chão ainda vibrava. Outros guerreiros se erguiam. A guerra estava longe de acabar.
