"De hoje em diante, seu mestre ensinará a você o Caminho da Espada."
No pátio diante do Grande Salão Daxiong, o Demônio da Espada permanecia de mãos para trás, a voz calma e firme.
"Meu Caminho da Espada se resume a uma única palavra: guerra!"
"Com uma espada em mãos, seu mestre já percorreu os Nove Céus, derrotando todos os espadachins sob o firmamento."
"Eu domino inúmeras técnicas de espada, mas ensinarei a você apenas uma."
Ele ergueu lentamente a mão direita, e uma espada longa cor de sangue se condensou em sua palma.
Fang Ling olhou para aquela espada e sentiu como se estivesse imerso em um mar de cadáveres e sangue. O terror o dominou completamente.
Seu corpo recuou instintivamente — por pouco não caiu.
"O nome da técnica é Espada de Sangue. Forje a espada com sangue!" disse o Demônio da Espada com serenidade.
"Treinar essa técnica é simples: basta matar."
"Use o sangue de seus inimigos para refinar sua Espada de Sangue vital."
"Quanto mais forte for o inimigo que você sacrifica, maior será o avanço de sua espada. Por isso, em meus dias de glória, eu só matava mestres."
"A espada que você vê agora é apenas uma dez milésima parte do meu poder."
"Se você enfrentasse minha verdadeira Espada de Sangue, apenas a aura assassina que dela emana o despedaçaria instantaneamente!"
"Todo começo é difícil. A prática da Espada de Sangue é simples, mas iniciar o caminho é outra história."
"Muitos fracassaram logo na primeira etapa — condensar a Espada de Sangue vital."
"Não é uma questão de talento ou constituição física. O que é necessário é uma intenção assassina pura!"
"Condense essa intenção e una-a ao seu sangue e energia vital — então, a Espada de Sangue surgirá."
"Você não sempre quis deixar o Templo Hanshan?"
"Se conseguir condensar sua Espada de Sangue, seu mestre permitirá que você desça a montanha!"
"Sério?" Os olhos de Fang Ling brilharam de alegria.
Durante todos esses anos preso naquele pequeno templo, ele sonhava em ver o mundo lá fora.
"Claro." O Demônio da Espada assentiu levemente.
Em seguida, levantou o dedo e o apontou para Fang Ling, transmitindo-lhe diretamente a técnica.
Cheio de determinação, Fang Ling passou o resto do dia completamente imerso no estudo do novo método.
——————
Ao entardecer, nos fundos da montanha.
O Demônio da Espada e Zhao Manzi estavam de pé sobre o penhasco, observando o pôr do sol ao longe.
O desejo por liberdade não era exclusivo de Fang Ling — ambos haviam suportado mais de trinta mil anos de tormento.
O sol desaparecia lentamente além das montanhas.
Os dois se voltaram, prontos para retornar a seus quartos e meditar.
Mas, de repente, Fang Ling veio correndo alegremente.
"Mestre da Espada! Eu consegui condensar minha Espada de Sangue!" gritou ele animado.
O Demônio da Espada franziu o cenho.
Ao lado, Zhao Manzi o encarou e perguntou: "Quando você o ensinou?"
"Hoje, ao meio-dia..." murmurou o Demônio da Espada.
Ele olhou para Fang Ling e disse: "Já que conseguiu, mostre-me o resultado."
"Sim!" Fang Ling assentiu e levantou a mão direita, imitando o mestre.
A aura antes pura e inocente do garoto mudou instantaneamente.
Uma energia assassina selvagem e brutal irrompeu de seu corpo — e uma espada sombria, de cor vermelho-escarlate, apareceu em sua mão.
Embora fraca, aquela intenção assassina era extremamente cruel, como se desejasse destruir tudo ao redor.
Os três velhos monges que cultivavam em outra parte do templo sentiram a energia maléfica e rapidamente correram até o local.
"Mestre, esta é a minha Espada de Sangue vital!" disse Fang Ling, cheio de orgulho. "Acho que consegui, certo?"
"Nada mal." O Demônio da Espada assentiu levemente.
"Então posso descer a montanha agora?" perguntou Fang Ling, esperançoso.
O Demônio da Espada sorriu: "Pode, eu permito que você desça."
"Mas... só eu permito. Quanto aos outros mestres, não sei se concordam."
Fang Ling, embora jovem, era esperto o bastante para perceber que fora enganado.
"Mestre da Espada, você está trapaceando!"
"Não importa, eu quero descer mesmo assim!"
"Mestre da Espada, você não disse que era o mais forte entre todos os meus mestres?"
"Se os outros não deixarem, é só lutar com eles até que concordem!"
Ele disparou as palavras como um canhãozinho.
"Demônio da Espada, isso foi meio arrogante." O Ladrão Florido riu.
"Reconheço que sua espada é forte, mas derrotar-me? Nunca!"
"Primeiro, eu nunca disse isso — não caia na lábia desse pirralho," respondeu o Demônio da Espada com frieza.
"E segundo, se tiver coragem, lute comigo sem usar sua Técnica de Passos Divinos. Quero ver quantos golpes aguenta da minha espada!"
"Sem usar a Técnica de Passos Divinos? Aí não é luta, é suicídio!" retrucou o Ladrão Florido.
Zhao Manzi também lançou um olhar desafiador. "Demônio da Espada, parece que nossa luta de antigamente nunca teve um vencedor, não é?"
"E ainda tem coragem de dizer que é o mais forte entre nós cinco?"
"Que tal repetirmos a luta? Vamos ver se sua espada pode cortar meu corpo!"
"Chega de infantilidade," interrompeu o Velho Monge.
"Pequeno Fang Ling, quando crescer mais, deixaremos você descer. Por enquanto, esqueça isso."
"Volte e treine direitinho. Quanto mais rápido dominar nossas artes, mais cedo poderá ir embora."
"Tá bom..." Fang Ling, obediente como sempre, abaixou a cabeça e voltou cabisbaixo para o quarto.
Quando ele se afastou, os quatro trocaram olhares.
O Demônio da Espada suspirou profundamente. "Estou dizendo a verdade — só hoje ensinei a ele a Espada de Sangue."
Treinar essa técnica exigia evocar continuamente a intenção de matar, o que facilmente corrompia o coração.
Por isso, haviam decidido anteriormente não ensiná-la ainda a Fang Ling — com medo de que fosse dominado pela loucura e se tornasse um monstro sedento por sangue.
"A Consciência do Coração do Demônio Ancestral já foi apagada, mas ainda é um coração demoníaco," murmurou o Demônio da Espada.
"Sob sua influência, a personalidade do garoto inevitavelmente será afetada... É por isso que conseguiu condensar uma Espada de Sangue tão sinistra."
"Talvez," o Velho Monge assentiu, "mas felizmente tenho orientado bastante o garoto."
"Graças a isso, ele consegue suprimir a loucura interior e não caiu no caminho demoníaco."
"Você é bom em se elogiar, velho monge. Nossos ensinamentos são bem melhores que os seus!" resmungou o Ladrão Florido.
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À noite, Fang Ling rolava na cama, incapaz de dormir.
Sentou-se e bateu no próprio peito com força.
"Coça tanto! Tá me matando de coceira!"
As duas costelas próximas ao coração formigavam intensamente, impossibilitando o descanso.
Eram justamente os ossos que haviam sido arrancados quando criança e depois regenerados.
Ele sentia runas estranhas pulsando nelas, mas não conseguia compreender o significado.
De repente, levantou a cabeça — alguém estava vindo!
O visitante entrou no quarto em completo silêncio. À luz do luar, Fang Ling reconheceu o rosto.
"Mestre Manzi!" exclamou, primeiro confuso, depois aliviado.
"Que bom que veio! Eu estava sentindo..."
Antes que terminasse, algo pareceu errado.
Normalmente, o Mestre Manzi era uma figura simples e bondosa.
Mas agora... parecia uma fera. Seus olhos brilhavam de forma terrível.
Sua boca se abriu, revelando presas afiadas, nada humanas.
"Pequeno Fang Ling... você tem um cheiro delicioso!"
"Deixe o mestre provar só um pouquinho, sim?"
"Eu realmente não consigo mais me controlar!"
Gotas de saliva escorriam do canto de sua boca, pingando no chão.
Fang Ling gritou de medo e tentou fugir, mas Zhao Manzi o derrubou facilmente.
"Só uma mordida! O mestre só vai comer um pedacinho!" murmurava ele, enlouquecido.
"Mas se eu acidentalmente devorar você inteiro... não me culpe, tá?"
"Socorro!" Fang Ling, completamente imobilizado, só conseguia gritar por ajuda.
Zhao Manzi o ergueu, prestes a devorá-lo —
Mas, no momento crítico, o Velho Monge e os outros chegaram.
"Ele surtou de novo..."
O Ladrão Florido suspirou, olhando para o rosto distorcido de Zhao Manzi, e rapidamente tirou Fang Ling de suas mãos.
"Rápido! Vamos suprimí-lo juntos!" ordenou o Velho Monge, e uma luz dourada emanou de seu corpo.
Levaram muito esforço, mas conseguiram contê-lo.
Enquanto isso, Fang Ling, escondido a um canto, estava em choque absoluto.
Ele sempre achou que as piadas sobre o Mestre Manzi gostar de comer gente eram só brincadeira... mas agora via que eram reais.