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Chapter 21 - Ecos da destruição.

Kenji caminhava por uma trilha de pedras, ainda com os pensamentos voltados à ausência de Ryota. O céu limpo e o calor fraco de início de tarde se mesclavam ao silêncio estranho que pairava sobre a vila.

Ao passar por um pequeno ponto de descanso — um amontoado de bancos de madeira sombreados por uma figueira espessa — ele notou dois senhores de idade conversando em voz baixa. Não demorou muito para que palavras-chave capturassem sua atenção.

— Eu vi com esses olhos, Arata! Uma manada inteira... não era gado comum. Eram bestas! Chifres vermelhos... olhos pretos como carvão queimado.

— Na montanha a leste, né? Aquela parte perto das fazendas... disseram que mataram três bois antes de alguém gritar por ajuda.

Kenji estacou. O suor escorreu pela lateral de seu rosto. Sem pensar duas vezes, se aproximou.

— Com licença, senhores... o que vocês viram exatamente?

Os dois se entre olharam, desconfiados. Mas diante da urgência no olhar de Kenji, o mais velho respondeu:

— Alguns moradores relataram demônios com forma de touro surgindo da floresta. São grandes, fortes... e parecem estar em grupo. Nunca vi nada assim. Estão atacando fazendas.

Kenji apertou os punhos.

— Obrigado — disse, antes de sair correndo pela trilha que levava à encosta leste.

Seu corpo seguia em disparada entre as pedras e raízes que invadiam a trilha. As árvores ficavam mais esparsas à medida que ele subia os morros baixos que levavam às colinas das fazendas. O vento agora vinha mais forte, carregando o cheiro de cinzas e terra queimada.

Ao alcançar o topo de um desses morros, Kenji parou ofegante. Seus olhos se fixaram na fumaça ao longe. De lá, vinha um ruído grave... como o de cascos esmagando madeira. E gritos.

Ele apertou o passo.

— Ryota... você está aí, não é? pensou.

A cada metro descido, o cenário se tornava mais visível. A fazenda de uma família local estava parcialmente em chamas. Um celeiro tombado. Árvores quebradas como gravetos. Cercas retorcidas no chão. E mais à frente — quase no centro da devastação — Ryota, com a camisa rasgada na lateral, encarava a criatura colossal com a expressão fria e resoluta.

O minotauro demoníaco bufava de ódio. Seu corpo, metade homem, metade touro, era coberto de pelos escuros. Os braços grossos exibiam veias saltadas e seus chifres curvos terminavam em pontas vermelhas, brilhando como brasas. Os olhos eram poços de trevas. O machado que segurava parecia feito de ossos, ferro e fogo.

Kenji não pôde se aproximar. Algo o segurou — talvez o medo de atrapalhar.

Então, parou atrás de uma árvore, observando. O gelo começava a se formar nos pés do inimigo. Ryota erguia a mão, o dedo indicador apontado como uma arma.

— Vamos ver do que você é feito... seu monstro desgraçado.

Kenji pensa na hora, — então Ryota está lutando contra o demônio da montanha já?

— Pelo que parece é só um, e não uma manada que nem os rumores, que bom.

Espera, parece que já tem um minotauro no chão morto?

Então tem mais de um?

Essa não, eles não desceram ainda a montanha, e estão vindo lentamente, quer dizer que eles iram chegar aos poucos.

— pensou Kenji assustado sem saber o que fazer.

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