LightReader

Chapter 6 - Primeiro Banquete

O Mestre Liang Hong, seu sorriso cruel mal cabendo no rosto desfigurado, fez um sinal para Shan Tao e Xu Jin.

"Muito bem. A primeira parte da lição está concluída. Agora, a segunda punição," anunciou o Mestre da Lâmina Negra.

"Levem-no para o Buraco dos Ratos. Três dias. Sem comida, sem água."

Fang Yan, ainda com as costas em carne viva e sangrando, não demonstrou surpresa ou medo. Ele estava satisfeito por ter forçado a mão do Mestre e, mais importante, por ter demonstrado a ele que a dor era irrelevante.

Dois discípulos se aproximaram para conduzi-lo. Fang Yan não resistiu, sua mente já estava focada no próximo desafio: o isolamento e a privação.

Eles o levaram para uma parte sombria do complexo da Seita. O "Buraco dos Ratos" não era um calabouço sofisticado, mas uma cela subterrânea fétida. A porta, feita de barras de ferro grosso, rangeu ao ser aberta.

Ao ser empurrado para dentro, Fang Yan avaliou o local com seus olhos frios e observadores. Era minúsculo, menor até mesmo que a cabana de seu avô. Cabiam no máximo três ou quatro pessoas apertadas; para ele, que precisava de espaço para pensar, era claustrofóbico.

Ele sentiu o cheiro de mofo, de sujeira e de detritos orgânicos. No canto, à sombra, ele notou a movimentação: ratos. Não eram os roedores comuns da fazenda, mas criaturas adaptadas à imundície da Seita, maiores e de pelo áspero.

A fome e a sede por três dias eram a ameaça real, não os roedores.

Sem água, sem comida, pensou Fang Yan, ignorando o ardor nas costas. Ele sabia que três dias de privação podiam quebrar a mente e o corpo.

E se...

Seus olhos fixaram-se nos ratos. Alimento. Cru? Não. As impurezas e doenças seriam um risco desnecessário. Ele precisava de fogo para higienizar a carne.

Ele começou a inspecionar a cela metodicamente. O chão estava coberto por uma camada espessa de feno sujo e mofado, o que tornava o local ainda mais insalubre. No entanto, o feno era combustível.

Com o cuidado de quem não pode desperdiçar energia, ele se abaixou e começou a juntar o feno, acumulando-o em um montinho seco em um canto.

Só preciso de calor, ele refletiu.

Ele varreu a cela com o olhar, procurando o que precisava. Sua inteligência aguçada, que se desenvolvia em ritmo vertiginoso, encontrou a resposta: em meio aos detritos e debaixo de um pedaço de madeira podre, ele notou um fragmento de vidro — talvez um espelho quebrado ou uma lente antiga.

Havia apenas um pequeno feixe de luz que penetrava a cela por uma abertura minúscula na parede.

Fang Yan se posicionou, usando sua mão trêmula para segurar o pedaço de vidro, e começou a direcionar o raio de sol concentrado diretamente para o topo do montinho de feno acumulado.

O processo era lento e exigia paciência e precisão implacável, algo que ele possuía em abundância. Os minutos se arrastaram.

O feno começou a soltar uma leve fumaça, um sinal de que o calor estava aumentando. Ele permaneceu imóvel, o corpo suportando a dor das feridas e a exaustão.

Até que, finalmente, a primeira brasa surgiu.

Fogo.

Uma pequena chama nasceu. Fang Yan soprou cuidadosamente, nutrindo o calor até que as labaredas estivessem estáveis.

Com a fonte de calor assegurada, ele agiu. Ele esperou, observando os ratos até que um se aproximou o suficiente da chama.

Com a velocidade de uma cobra, ele o agarrou. Com um rápido e eficiente movimento de torção, quebrou o pescoço do roedor.

Sem qualquer repulsa, ele começou a depenar o rato, puxando o pelo molhado e sujo. Segurando-o pela cauda, ele o estendeu sobre o fogo.

O calor começou a crepitar, chamuscando a carne. Ele não apenas estava cozinhando o alimento para torná-lo seguro e matar qualquer parasita, mas estava purificando-o.

O cheiro de pelo queimado e carne sendo aquecida encheu a pequena prisão, um cheiro de sobrevivência brutal.

A fome seria enfrentada. A inteligência de Fang Yan, mais perigosa que qualquer técnica marcial, havia garantido sua primeira refeição no que deveria ser um inferno de privação.

More Chapters