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Chapter 18 - Sombras da Noite Passada: O Eco da Batalha Silenciosa.

— Onde estou…? Isto é… uma cama? — murmurou Kenji em seus próprios pensamentos, sentindo o corpo enfaixado e dormente. O peso da batalha ainda queimava por dentro, como se cada músculo gritasse lembranças da noite passada.

De repente, flashes daquela luta brutal contra o demônio surgiram em sua mente. Por um breve momento, ele esqueceu a dor e se ergueu num pulo, com os olhos arregalados.

— O que aconteceu com aquele demônio de ontem?!

Ao lado da cama, Yuna, quase dormindo sobre uma cadeira, levou um susto tão grande que quase caiu.

— HAAAA!! — gritou, assustada, com os olhos arregalados e o coração acelerado.

Kenji, ainda sem entender completamente, olhou ao redor, inquieto.

— Onde está aquele demônio? Ou melhor… todos estão bem?!

— Acalme-se, seu idiota! — respondeu Yuna, esfregando os olhos e se ajeitando na cadeira. — Estão, sim. Graças a você, não tivemos baixas… e eu tô feliz que você esteja bem também.

As palavras de Yuna trouxeram alívio, mas as lembranças de Kenji eram nebulosas. Ele franziu a testa, confuso.

— O que… o que aconteceu ontem à noite?

Yuna fez uma expressão surpresa.

— Ontem à noite? Kenji, você está desacordado há quase três dias.

— Três dias?! — ele arregalou os olhos. — Eu preciso ver minha irmã no hospital!

Sem pensar duas vezes, tentou sair da cama, mas, assim que moveu o corpo, uma onda de dor cortou cada parte de si. Soltou um resmungo, cerrando os dentes, e, mesmo assim, forçou-se a levantar.

Cambaleando, foi até a porta do quarto e, ao abri-la, deu de cara com Toshiro.

— Senhor Toshiro… onde estamos? — perguntou Kenji, meio confuso.

Toshiro cruzou os braços e soltou um suspiro.

— Vejo que você acordou cedo, moleque.

— Preciso voltar pro hospital da cidade. Minha irmã… preciso ver como ela tá.

Toshiro o olhou nos olhos com um semblante firme.

— Entendo. Mas você não acha que tá esquecendo de algo importante? Não se lembra do que aconteceu no mercado, na noite em que desmaiou?

Kenji coçou a cabeça, tentando puxar as lembranças.

— Teve… uma luta com um demônio, acho. Mas… não me lembro muito bem de como acabou. Na verdade… — fez uma pausa, encarando Toshiro. — Como eu sei o seu nome…?

— QUEM VOCÊ TÁ CHAMANDO DE VELHO?! — berrou Toshiro, acertando um soco seco na cabeça de Kenji.

Kenji resmungou, massageando o local atingido, sem entender o porquê da agressão.

— Você se lembra de alguma coisa com clareza, garoto? — perguntou Toshiro, agora sério.

— Bem pouco… Na verdade, quase nada. Só lembro de tentar enfrentar aquele demônio. Mas… você apareceu, certo? Me salvou quando eu desmaiei?

Toshiro ergueu uma sobrancelha.

— Você não desmaiou em momento algum.

O coração de Kenji disparou. Ele ficou paralisado por um instante, com a mente em branco.

— O quê…? Mas… se isso é verdade… por que não consigo me lembrar de nada? Parecia… um sonho. Tinha uma voz dentro da minha cabeça. Era como… uma segunda consciência… cheia de ódio. E quanto mais ódio eu sentia… mais forte eu ficava.

Yuna o encarou com desdém.

— É, você enlouqueceu de vez. Essas pancadas foram fortes demais — disse, com sarcasmo.

— COMO É QUE É, SUA TÁBUA DE PASSAR ROUPA?! QUER BRIGAR, É?! — rosnou Kenji, com uma veia saltando na testa.

— Parem com essas idiotices, vocês dois! Que saco… — interrompeu Toshiro, impaciente. — Kenji, me responde uma coisa. Você se lembra do que me pediu no dia em que nos conhecemos, depois da luta contra os demônios de classe alta?

As palavras tocaram fundo. A memória voltou como uma flecha: o momento em que implorou para ser treinado, quando se sentiu fraco e impotente. As imagens de Tomoji ferido… a irmã no hospital… tudo veio à tona como uma maré.

— Então? Foi só da boca pra fora? Você não pretende proteger sua irmã? As pessoas que ama? — Toshiro caminhou em direção a ele. — Como acha que vai proteger alguém se, toda vez que luta, acaba todo arrebentado?

Kenji abaixou a cabeça por um instante. Em seguida, ergueu o olhar — firme, decidido, com a chama da convicção acesa nos olhos.

— Se o senhor me treinar… eu serei capaz de proteger a todos?

Toshiro sorriu de canto, com um olhar sério.

— Isso só depende de você. Vai desistir no meio do caminho… ou continuar, mesmo quando parecer impossível?

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